Bruxelas, 12 jul (EFE).- A Comissão Europeia (CE) propôs hoje
medidas para reforçar a proteção dos depósitos bancários em caso de
quebra da entidade e dos investimentos perante possíveis
negligências dos operadores, tudo com o objetivo de restaurar a
confiança no sistema financeiro europeu.
Bruxelas pretende elevar até 100 mil euros a garantia dos
depósitos bancários em toda a União Europeia, como já tinham
concordado os 27, e acelerar os prazos para o pagamento para até
sete dias.
A proposta é uma continuação das medidas pactuadas pelos
Estados-membros em 2008 como reação à explosão da crise.
Na época os Governos concordaram em aumentar imediatamente a
garantia dos depósitos para 50 mil euros e chegar aos 100 mil euros
no futuro caso o estudo de impacto que deve ser realizado pela CE
não o desaconselhe, embora muitos países como a Espanha tenham
passado diretamente por esse número.
Confirmado o salto para os 100 mil euros, 95% das contas
bancárias da Europa estarão 100% protegidas, segundo Bruxelas.
Quanto aos prazos, os países se comprometeram a reduzir de três
meses para entre quatro e seis semanas o tempo máximo para a
devolução do dinheiro dos poupadores, um período que agora Bruxelas
propõe cortar ainda mais.
Para isso, os sistemas de garantia terão que ser alertados
previamente pelas autoridades de supervisão dos possíveis problemas
nos bancos e a cooperação entre os países será reforçada.
Em paralelo, a Comissão Europeia propôs um reforço da proteção
dos investimentos em caso de fraude ou de erros por parte das
entidades.
O comissário europeu de Mercado Interno, Michel Barnier, deixou
claro que a medida não trata de proteger frente aos "riscos" dos
investimentos, mas perante possíveis "negligências" daqueles que
manejam o dinheiro.
"Não queremos esperar outro caso Madoff para atuar", ressaltou.
Para isso, Bruxelas propõe proteger os investidores embora sua
entidade ceda a gestão de seu dinheiro a uma terceira empresa, algo
que não ocorria até agora e do que se Bernard Madoff, que cumpre
pena 150 anos por orquestrar uma multimilionária fraude financeira,
se aproveitou.
Além disso, a CE quer aumentar o teto das compensações até os 50
mil euros, frente aos 20 mil euros atuais, e acelerar os prazos para
o pagamento, que hoje em dia podem demorar anos.
Com este plano o período máximo seria de nove meses, um prazo que
o Executivo comunitário considera necessário para que as autoridades
competentes averigúem o caso.
Além disso, se reforçariam os fundos de garantia neste âmbito,
que seguiriam sendo financiados pelas empresas de investimentos.
"A adoção deste pacote é a tentativa mais recente da Comissão
para trazer a responsabilidade e a transparência ao sistema
financeiro europeu a fim de prevenir e tramitar futuras crises",
assinalou Barnier.
O comissário fez uma chamada aos Estados-membros e ao Parlamento
Europeu para aprovar rapidamente esta nova legislação para reforçar
a confiança dos europeus na proteção de suas economias e
investimentos em qualquer lugar da União.
Junto às duas propostas legislativas, Bruxelas colocou hoje a
proteção a escala europeia para possíveis quebras de companhias de
seguros.
Até agora, a UE não conta com normas neste âmbito e só 12
Estados-membros - Espanha entre eles - contam com sistemas de
garantia para este mercado. EFE