Bangcoc, 20 mai (EFE).- Um panorama desolador de cinzas e
destruição é o que sobrou hoje do que já foi o paraíso das compras
no centro de Bangcoc, transformado em campo de batalha durante a
remoção do acampamento dos "camisas vermelhas".
Vidros quebrados, escombros ainda fumegantes e veículos
carbonizados evidenciam a ressaca dos distúrbios que ontem à noite
ocorreram no cruzamento de shoppings de luxo, frequentados
habitualmente por turistas e tailandeses endinheirados.
Nesta manhã quase não havia estrangeiros nas ruas, os poucos que
circulavam eram jornalistas e curiosos que não queriam perder a
oportunidade de ver de perto o terreno considerado o "marco zero"
dos protestos, um dia após o fim dos confrontos.
"Sentimos muito com tudo isso que aconteceu. É tudo muito, muito
triste", comenta a Agência Efe um turista americano recém-chegado à
cidade.
Ao entrar no perímetro isolado, os soldados tailandeses no
controle de segurança não estão muito preocupados com a segurança.
Agora se ocupam em registrar com seus celulares imagens do que
sobrou dos dias de enfrentamentos.
O que chama a atenção não é uma imagem em especial, mas o som da
música pop que emitem os megafones de um caminhão da Polícia, uma
estratégia que nunca chegou a incomodar os "camisas vermelhas", mas
ainda é mantida.
Perto do "marco zero", é possível ver as centenas de tendas de
campanha nas quais viveram durante dois meses os ativistas que
queriam derrubar o Governo.
Nesse local é mais visível que os 3 mil manifestantes tinham
intenção de ficar até o fim, pois não recolheram móveis e
utensílios, já que foram retirados à força pelos militares.
Panelas, colchonetes, cadeiras de plástico, ventiladores e
inclusive brinquedos de crianças ficaram abandonados.
O outrora centro dos protestos se transformou agora em atração
turística da cidade, inclusive para os moradores.
"Medo sempre se tem. Estamos esperando para ver o que vai
acontecer", disse Joel, um jovem espanhol que há dois anos trabalha
em Bangcoc para uma empresa de exportação.
"É bastante grave o que ocorreu aqui. É muito triste para todos
os tailandeses. Não vejo uma solução imediata. Acho que as batalhas
na rua não devem ocorrer mais, pelo bem da Tailândia e dos que
vivemos aqui", conclui. EFE