Montevidéu, 16 mar (EFE).- A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) anunciou nesta sexta-feira que a região alcançou em 2011 níveis recorde de investimento estrangeiro direto de US$ 138 bilhões, graças em parte ao impulso da China, apesar de continuar sendo o terceiro investidor nos países latino-americanos.
Os dados completos, que serão divulgados em um relatório nos próximos dias, foram antecipados pela secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, ao início de um fórum sobre modelos de desenvolvimento econômico na 53ª Assembleia do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) que começou na quinta-feira em Montevidéu.
Segundo o relatório anterior da Cepal sobre Investimento Estrangeiro Direto (IED), de 2010, nesse ano os Estados Unidos foram o principal investidor na América Latina, com 17%, seguidos pela Holanda (13%), China (9%), Canadá e Espanha (ambos com 4%).
No total, a renda de IED alcançou em 2010 US$ 112,634 bilhões, com o Brasil e o México na frente.
No seminário realizado em Montevidéu, organizado pela Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), a secretária executiva destacou o bom momento que a região vive, com níveis médios de pobreza de 31% e de pobreza extrema de 17%, por causa da atitude "mais progressista" dos Governos "em matéria social".
No entanto, ao dizer que algumas economias estão se desacelerando, o que dará uma média de crescimento de 3,7% neste ano, Alicia Bárcena rejeitou um excesso de otimismo regional, sobretudo pelos possíveis efeitos da crise nos países desenvolvidos.
"O mais relevante é o que está acontecendo na zona do euro, mas não é o único", pois esse fenômeno "nos impacta porque há uma estagnação da demanda global e uma maior incerteza dos mercados financeiros".
No centro das preocupações está a desaceleração da China, cujo crescimento cairá de 9,5% a 7,5%, revelou.
Este fenômeno pode afetar países exportadores de matérias-primas como os sul-americanos, que mais estão crescendo na região acima do México e da América Central.
"As exportações de bens cresceram em 2011 23%, mas o preço é um componente mais importante que o volume", lamentou.
Entre os instrumentos com os quais a América Latina conta para enfrentar um eventual contágio da crise estão suas reservas internacionais, que "estão em níveis inéditos, de US$ 765 bilhões hoje em dia", afirmou.
Além disso, a região "é o segundo proprietário de Bônus do Tesouro (dos Estados Unidos) depois da China" e "as finanças públicas estão sob controle", acrescentou.
Com relação a "fatores que conspiram" contra a região relatou "a inflação (pelo alto preço de matérias-primas), a apreciação cambial (por fluxos de capitais sem controle), o perigo da deterioração da conta corrente e a volatilidade dos mercados financeiros".
Nesse contexto, a América Latina deve ter um "olhar estratégico" para a Ásia e a Índia, porque ali há "cerca de 800 milhões de pessoas que estão chegando na classe média".
"O crescimento (regional) vai depender mais da China, mas o comércio sul-sul poderia superar o norte-norte em 2017", disse.
Por último, Bárcena sugeriu fechar as brechas de desigualdade, impostos, investimento, produção e inovação.
No fórum da Aladi participam, entre outros, os ministros de Economia da Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Peru, o secretário-geral Ibero-americano, Enrique Iglesias, e o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza. EFE