La Paz, 12 jan (EFE).- O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou nesta quarta-feira que seu chanceler, David Choquehuanca, viajará à Europa na próxima semana para buscar apoio a seu pedido para que as Nações Unidas descriminalize o hábito dos bolivianos de marcar folha de coca.
Morales anunciou em entrevista coletiva que Choquehuanca buscará o apoio dos chanceleres e presidentes europeus "que pensam em fazer alguma objeção" à emenda apresentada pela Bolívia em 2009 à Convenção da ONU de 1961, que incluiu a coca em uma lista de entorpecentes.
Segundo as autoridades bolivianas, a descriminalização do hábito de mascar a folha de coca se daria se nenhum país apresentasse até o próximo dia 31 de janeiro algum tipo de objeção à emenda apresentada por Morales.
"Se por razões políticas (a emenda) não puder ser aprovada, o consumo tradicional da folha de coca vai continuar igual", afirmou Morales, ao assegurar que a ONU não conseguiu eliminar este costume indígena em quase 50 anos de vigência da Convenção.
Desde que chegou à Presidência pela primeira vez em 2006, Morales administrou diante da Comissão de Entorpecentes da ONU a descriminalização desse hábito dos bolivianos, sem resultados até o momento.
Morales assegurou que seu Governo tem "todos os argumentos legais, científicos, culturais e sociais" para demonstrar que a coca não é entorpecente em seu estado natural.
A planta foi reconhecida como "patrimônio cultural" do Estado e "fator de coesão social", em artigo da Constituição vigente desde 2009.
No entanto, Morales, que ainda é líder dos sindicatos produtores de coca do centro do país, admitiu que parte dessa produção é desviada ao narcotráfico.
No ano passado, a força policial confiscou 29 toneladas de cocaína e destruiu 8,2 mil hectares de plantações ilegais de coca. EFE