Caracas, 29 set (EFE).- O presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou nesta quinta-feira que há setores dentro da Petrobras que não estão interessados em cumprir o acordo com a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) sobre a refinaria Abreu e Lima.
"Acho que na Petrobras há setores que não querem o acordo, estou convencido disso e devo falar sobre esse assunto com a presidente, minha querida Dilma (Rousseff). Mas, estou convencido disso porque, quando não é uma coisa, é outra", disse o governante venezuelano em declarações aos jornalistas.
Mesmo sem uma data marcada, Chávez destacou que Dilma tem intenção de ir visitá-lo em novembro, e esse será um dos temas sobre o qual provavelmente conversarão.
Os Governos de Brasil e Venezuela fizeram um acordo para construir uma refinaria conjunta em 2005, em Pernambuco. Porém, em 2007, a empresa brasileira decidiu iniciar a construção sozinha, já que a estatal venezuelana havia adiado os pagamentos comprometidos.
O projeto prevê um investimento de US$ 15,294 bilhões em uma refinaria no nordeste do Brasil, que terá capacidade de processar 230 mil barris diários de petróleo a partir de 2013, sendo 60% da Petrobras e 40% da PDVSA.
No entanto, a iniciativa foi interrompida depois que o aval apresentado pela estatal venezuelana não foi aceito para fazer frente a parte da dívida com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que financia a obra.
Apesar disso, Chávez afirmou que apresentou um novo aval ao banco português Espírito Santo e que tem o dinheiro para pagar, porém, a Petrobras negou a viabilidade desta operação, que inicialmente haviam aprovado.
Chávez garantiu que o problema não tem nada a ver com o Governo brasileiro, mas com as pessoas da Petrobras "que não entendem ou têm outros interesses".
"Às vezes para mim é inexplicável", apontou o presidente venezuelano, qualificando esse projeto como a "ovelha negra" e a "exceção" nos programas e acordos existentes entre ambos países.
Chávez admitiu que houve "discussões duras" com alguns membros da Petrobras e lamentou que a companhia brasileira não tenha projetos na Faixa do Orinoco, onde o presidente venezuelano declarou ter jazidas suficientes para transformar o país no maior produtor de petróleo do mundo. EFE