Nova York, 29 mar (EFE).- Os criadores do Superman venderam os direitos pelo personagem em 1938 por US$ 130, sem prever os milhões que sua obra geraria, e o cheque que receberam por sua criação será leiloado agora como a prova de uma transação comercial que provocou 70 anos de batalhas legais.
A empresa ComicConnect.com, dedicada ao leilão de histórias em quadrinhos pela internet, informou nesta quinta-feira desse leilão online que deve terminar no próximo dia 16 de abril.
"Este cheque de US$ 130 criou uma indústria de bilhões de dólares, e sem ele não haveria Superman, nem Batman, Homem-Aranha, X-Men, nem nenhum destes personagens, já que o conceito de super-herói nasceu com Superman", disse Vincent Zurzolo, um dos proprietários da empresa organizadora do leilão.
Stephen Fishler, outro dos proprietários desta empresa, acrescentou em comunicado que "este artigo é completamente diferente e único, e representa entrar em um território inexplorado dentro do que pode ser considerado valioso".
"Até agora, no mundo dos colecionadores de histórias em quadrinhos, nos fixávamos apenas nos personagens, nas primeiras obras dos artistas ou na condição das revistas", detalhou.
Além disso, Fishler destacou que "este cheque se transformou no símbolo de um negócio questionável, comparável à venda por US$ 24 em 1626 da ilha que depois seria Manhattan, ou a do jogador de beisebol Babe Ruth por US$ 100 mil em 1919".
A história do cheque remonta a 1938, quando a empresa DC Comics comprou os direitos de Superman de seus criadores, um par de adolescentes de Cleveland chamados Jerome Siegel e Joe Shuster.
Quando o primeiro filme de Superman chegou aos cinemas em 1978, gerando uma arrecadação de mais de US$ 300 milhões, um dos criadores do protagonista trabalhava como entregador.
Isto motivou as batalhas legais entre os herdeiros de Siegel e Shuster e a empresa Warner Bros, matriz da DC Comics, pelo crédito do personagem e por uma compensação econômica que se prolongaram durantes os últimos 70 anos.
"As pessoas sempre debaterão a justiça desse acordo de 1938, que foi uma transação comercial histórica e na qual o cheque teve um papel capital", afirmou Zurzolo.
Este controvertido documento foi conservado durante 38 anos por um dos funcionários da DC Comics, que o guardou depois que a companhia o usasse como prova no início dos anos 1970 em um dos múltiplos litígios mantidos contra os criadores do super-herói.
"A DC Comics ordenou a seus funcionários que atirassem todos os velhos documentos usados no julgamento, mas este empregado teve visão suficiente para conservá-lo", ressaltou Zurzolo.
O ComicConnect.com já vendeu em 2011 um primeiro exemplar de uma história em quadrinhos também do Superman por US$ 2,1 milhões, o preço mais alto alcançado por uma revista em quadrinhos. EFE