Pequim, 19 jul (EFE).- A China luta para conter o vazamento
incontrolado de 1,5 mil toneladas de petróleo que está vertendo de
dois oleodutos, formando uma mancha de quase cem quilômetros
quadrados na superfície perto do litoral de Dalian, ao nordeste de
país.
Mais de 20 navios que trabalham na extração do petróleo já
retiraram 50 toneladas e estenderam ao longo de sete quilômetros
redes e bóias para conter o vazamento, segundo informou hoje o
jornal oficial "Diário do Povo".
A mancha se situa na superfície da zona na qual confluem o mar de
Bohai e o Mar Amarelo, que separam a China da península da Coreia.
Os analistas temem que a contaminação aumente. O departamento de
Proteção Ambiental de Dalian colocou 30 de bloqueadores para evitar
que a contaminação se expanda.
"Ainda não foi atingida a área mais turística e a de praia",
assegurou o subdiretor de Proteção Ambiental da cidade, Wu Guogong,
quem acrescentou que, apesar de restos de petróleo terem chegado à
costa, em três quilômetros ao redor da zona afetada não há imóveis.
A maré negra é consequência de um incêndio que afetou dois
oleodutos de propriedade da gigante estatal China National Petroleum
Corp. (CNPC) e do porto de mercadorias Xingang em Dalian, embora não
tenha provocado danos pessoais.
Pelas primeiras investigações, na sexta-feira foi registrada uma
explosão em um oleoduto próximo ao porto, cujas chamas se propagaram
para outro encanamento que transcorre paralelo ao primeiro e
causaram ao menos outras cinco pequenas detonações.
Em comunicado, o porto de Dalian informou que os danos na
infraestrutura marítima são limitados, embora as operações nos píers
de petróleo permaneçam fechadas.
O acidente ocorreu logo após deixar ao local um petroleiro com
bandeira liberiana que descarregou por meio dos condutos 300 mil
toneladas de petróleo.
As autoridades chinesas bloquearam a embarcação para
investigação, embora não descartem que esta seja a causa direta da
maré negra.
A poluição preocupa o Governo. O presidente, Hu Jintao e o
primeiro-ministro, Wen Jiabao, deram ordens diretas de investigar o
acidente.
"Uma equipe de investigação foi formada no domingo pela manhã
para analisar a explosão, mas a causa ainda não foi determinada",
indicou Sun Benqiang, subdiretor do escritório municipal de
Segurança do Trabalho de Dalian.
Outros meios chineses apontam que uma operação "inadequada" de
transposição do petróleo a partir do navio para terra aparece como a
razão mais provável do desastre.
Por sua vez, a companhia petrolífera CNPC prometeu "fazer todo o
possível" para reduzir o impacto do acidente, assegurou que as
válvulas dos oleodutos foram fechadas e que já não são registrados
vazamentos.
Dalian é uma importante cidade litorânea do nordeste da China,
com mais de 6 milhões de habitantes, e conta com o segundo maior
porto de mercadorias do gigante asiático.
Os vazamentos de petróleo, embora de pequeno volume, são
recorrentes no país asiático: neste mesmo ano já ocorreram ao menos
dois incidentes similares.
Em maio, a ruptura de um oleoduto da companhia petrolífera
estatal chinesa Sinopec derramou 240 toneladas de petróleo em campos
de cultivo e estradas da litorânea província oriental de Shandong.
No mês de janeiro, um vazamento em um oleoduto também de
propriedade de CNPC contaminou 33 quilômetros do rio Wei, na
província noroeste chinesa de Shaanxi.
China é um dos países mais poluídos do mundo devido a sua veloz
industrialização que transformou o país asiático na terceira
potência econômica em menos de três décadas.
Pelos dados não atualizados do Ministério do Meio Ambiente, 20%
das águas dos rios chineses não são aptas ao consumo humano e 60% do
litoral também está poluído.
A administração estatal oceânica divulgou no ano passado que a
poluição chegava a quase todo o litoral chinês, com 83% da costa
afetada. EFE