Pequim, 8 nov (EFE).- O governo chinês alertou nesta segunda-feira que a compra de US$ 600 bilhões em títulos públicos anunciada na semana passada pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) pode ter consequências graves nas economias emergentes.
"O lançamento voltado para a recuperação global será um golpe para os mercados livres financeiros, especialmente para os das economias emergentes", apontou o ministro das Finanças chinês Zhu Guangyao.
Pelo fato de a economia global estar em recuperação, o ministro declarou que o cenário enfrenta incertezas e fatores de desestabilização.
"Os Estados Unidos, como um dos principais emissores de reserva, deveriam implementar políticas macroeconômicas responsáveis", recomendou Zhu em coletiva preparatória para a reunião do G20 em Seul, marcada para esta semana.
A injeção de mais de US$ 500 bilhões no sistema financeiro anunciado na última quinta-feira pelo Fed foi criticada pela Europa e por diversas economias emergentes por favorecer a depreciação do dólar norte-americano.
Ao mesmo tempo, Washington pressionou Pequim nos últimos anos para que valorize sua moeda, o iuane, com o fim de frear a entrada de exportações baratas chinesas no seu território.
Neste sentido, economistas e líderes alertam para uma espiral de desvalorização competitiva das respectivas economias para impulsionar as exportações, o que poderia afetar gravemente a recuperação econômica global, protagonizada por Washington e Pequim.
Zhu assegurou que o presidente chinês Hu Jintao lutará para evitar a desvalorização competitiva, em vista da fragilidade da recuperação econômica global.
O vice-ministro culpou, sobretudo, os países desenvolvidos, e fez referência aos Estados Unidos, que deveriam assumir o papel em frente à crise e prevenir uma oscilação excessiva e desordenada do câmbio.
"Essa oscilação terá riscos de volatilidade nos influxos de capital que enfrentam os mercados das economias emergentes", acrescentou Zhu. EFE