China critica EUA pela crise da dívida e exige garantias

Publicado 06.08.2011, 06:35
Atualizado 06.08.2011, 07:15

Pequim, 6 ago (EFE).- A China, principal credora dos Estados Unidos e com 70% de suas reservas em moeda estrangeira em dólares, criticou duramente o Governo americano depois que a agência de classificação de riscos Standard & Poor's rebaixou a dívida americana nesta sexta-feira, pela primeira vez na História.

Com US$ 1,16 trilhão em bônus do Tesouro dos Estados Unidos e US$ 3,2 trilhões de reservas em moeda estrangeira em dólares, a queda da dívida americana de AAA - a máxima qualificação possível - para AA+ gerou um forte mal-estar em Pequim.

A agência oficial chinesa "Xinhua" publicou neste sábado um duro editorial no qual assegura que a decisão da Standard & Poor's é "uma fatura que os Estados Unidos devem pagar por sua própria dependência quanto ao endividamento e por suas brigas políticas sem visão de futuro em Washington".

"A China tem todo o direito agora de reivindicar aos Estados Unidos que corrijam os erros estruturais de sua dívida e garantam a segurança dos ativos em dólares da China", afirmou a "Xinhua".

Ao mesmo tempo, reivindicou "supervisão internacional" sobre a moeda americana, e foi além, ao propor como alternativa ao dólar "uma nova moeda de reserva estável e assegurada em nível global" para evitar a dependência mundial da divida dos EUA.

Há alguns dias, Chen Daofu, diretor do Centro de Pesquisas Políticas do Conselho de Estado da China, advertiu da necessidade de buscar alternativas de investimento para as reservas chinesas, e avaliou que mudar a composição destas "é um desafio crucial para os conselheiros políticos em Pequim".

Com relação ao futuro, a "Xinhua" assinalou que se não houver cortes na "gigantesca despesa militar" e nos custos do novo sistema de previdência social universal disposto por Barack Obama, a Standard & Poor's pode diminuir ainda mais a qualificação da dívida americana.

Ainda assim, o economista-chefe do Centro de Informação Estatal da China, Jianping Fan, considerou que o endividamento americano afetará principalmente os mercados financeiros, e, só em segundo plano, o comércio.

O analista prevê uma queda nas exportações do país asiático, porém mais ligada aos problemas da Europa que aos indicadores americanos. EFE

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