Ramala, 29 mar (EFE).- Um grupo de colonos judeus entrou nesta madrugada em uma casa palestina abandonada no centro de Hebron, perto da mesquita-sinagoga de Abraham, que garantem tê-la comprado do proprietário palestino.
Os donos originais do imóvel, no entanto, negam a venda e garantem que os colonos ocuparam sua casa.
"É uma fraude absoluta. Os proprietários da moradia apresentaram uma denúncia contra os colonos e contra o Exército israelense, que permitiu a ocupação. Iremos até as instâncias legais internacionais para denunciá-los", disse à Agência Efe o governador de Hebron Kamil Hamid.
Segundo ele, a ocupação da casa "é uma provocação e uma tentativa de piorar o clima na Cidade Antiga de Hebron, o que fará aumentar a tensão, especialmente levando em conta que é véspera da celebração do Dia da Terra", no qual palestinos de todo o mundo protestam pela desapropriação de suas terras por Israel.
Hamid afirmou que os colonos "não apresentaram nem um só documento que demonstre que compraram a casa" e advertiu que "o Exército israelense e os colonos terão toda a responsabilidade pelo agravamento da situação em Hebron".
Por sua vez, o Exército israelense tachou de "provocação perigosa" a atitude dos colonos, segundo informou o serviço de notícias israelense "Ynet", que precisou que a casa é um prédio de três andares propriedade do palestino Taleb Abu Rajab.
Uma porta-voz militar revelou à Agência Efe que o Exército "está investigando o caso".
Nesta manhã ocorreu "uma aglomeração de pessoas nos arredores da casa, com 40 civis israelenses e 40 palestinos", detalho o mesmo porta-voz. Apesar da aglomeração, testemunhas contaram a Efe que nenhum protesto violento foi registrado no local.
Hebron é a única cidade palestina com assentamento judaico em seu núcleo urbano e presença militar israelense permanente no centro, onde em algumas áreas os palestinos não podem entrar.
Na parte antiga da cidade vivem 600 judeus rodeados por uma população de mais de 130 mil palestinos, e são constantes os atritos entre ambas as comunidades.
Os colonos veneram neste local os túmulos dos patriarcas, que pela tradição judaica estão enterrados no que para eles é o "Túmulo dos Patriarcas" e para os muçulmanos é a "Mesquita de Ibrahim", um prédio dividido atualmente em duas partes, uma mesquita e a uma sinagoga. EFE