Investing.com - Enquanto há um mês, o dólar estava cotado a R$ 4,7945, nesta quarta-feira a cotação da moeda americana ronda os R$ 5,45. E a tendência é que ele se mantenha em patamares elevados, com real enfraquecido, segundo relatório divulgado ao mercado pelo banco BTG (BVMF:BPAC11). Entre os motivos, o risco fiscal - que aumenta com a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Eleitoral, ou dos Auxílios - aliado aos receios sobre uma ação mais enfática na política monetária restritiva dos Estados Unidos, com alta de juros pelo Federal Reserve, o banco central americano.
Na visão do banco, mesmo com a indisponibilidade dos dados oficiais sobre fluxo, o BTG aponta como provável motivo a saída pela conta financeira. Além da depreciação, o real teve uma alta na volatilidade nas últimas semanas com o noticiário interno trazendo “novas ameaças às contas públicas”, de acordo com o documento.
Aumento de juros nos EUA causa depreciação de moedas emergentes
Em busca do controle inflacionário, o Federal Open Market Committee (FOMC) elevou as taxas de juros em 0,75 ponto percentual em junho. Dessa forma, os fed funds estão entre 1,50% e 1,75%, em um ritmo de aperto monetário que não era usual. A política monetária restritiva impacta de forma negativa os fluxos para moedas emergentes - incluindo a brasileira - no curto prazo. Após movimento hawkish do Fed, o BTG aumentou a expectativa de fed funds rate para 3,625% em 2022, com previsão de com uma elevação de 75 bps na reunião de julho.
Com isso, o BTG aponta que as moedas emergentes sofreram depreciação, de forma geral, nos últimos 30 dias. Os destaques são o peso colombiano e o peso chileno, moedas de países que passaram por eleições presidenciais recentes, além do real - e o Brasil se aproxima do pleito em outubro deste ano. Segundo o banco, isso ocorreu devido ao movimento mais hawkish do Fed na reunião de junho.
Risco fiscal afugenta investidores
Tramita na Câmara dos Deputados PEC aprovada pelo Senado para ampliar benefícios às vésperas das eleições. O texto amplia o vale-gás, o Auxílio Brasil e cria um auxílio caminhoneiro, entre outras medidas, com impacto fiscal de R$ 41,25 bilhões, fora do Teto de Gastos. Se a PEC for aprovada, os recursos serão liberados por meio da abertura de créditos extraordinários.
O BTG acredita que a elevação do risco fiscal a partir das medidas tende a afetar o real no curto prazo e ele deve ser negociado “consistentemente acima de R$/US$ 5,00 nos próximos meses”.
No entanto, o BTG mantém projeção para o final de 2022 para um dólar em R$4,80, ponderando para um um cenário pessimista com apertos nas condições financeiras nos mercados globais de forma mais rápida do que era esperado anteriormente. A expectativa é que, depois do pico, a moeda brasileira volte a ser apreciada com redução da incerteza eleitoral e elevado superávit comercial.