Montevidéu, 25 abr (EFE).- O diretor-geral de Empresa e Indústria da Comissão Europeia, o espanhol Daniel Calleja, advertiu nesta quarta-feira sobre uma perda de confiança da Europa com o Mercosul por causa da decisão do Governo argentino de expropriar 51% das ações da companhia petrolífera YPF, controlada pela espanhola Repsol.
Calleja disse à Agência Efe que a comissão tem um mandato de negociação com o Mercosul, bloco regional integrado pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai para a busca de um acordo comercial, mas após a decisão do Governo de Cristina Kirchner "é evidente que houve uma ruptura da confiança".
Calleja chegou a Montevidéu à frente de uma delegação de empresários europeus para participar do seminário "Oportunidades de negócios no Uruguai", organizado pelos ministérios uruguaios de Relações Exteriores, Indústria, Energia e Mineração e pela Câmara de Indústrias do Uruguai.
O funcionário lembrou que as principais autoridades da comissão e do Parlamento Europeu, entre outros, condenaram a medida de desapropriação de 51% das ações da YPF nas mãos de Repsol e expressaram sua solidariedade com a empresa espanhola, que "é um investidor europeu importante", disse.
Após destacar que a União Europeia é a primeira potência comercial do mundo, o funcionário ratificou a posição da comissão de "defender um clima para as relações internacionais baseado na segurança jurídica, na estabilidade e na previsibilidade dos investimentos".
"Tomara que possamos encontrar uma solução por meio do diálogo, mas por enquanto não descartamos nenhuma opção", advertiu Calleja.
O Senado argentino debate nesta quarta-feira o projeto de lei que prevê a desapropriação de 51% das ações da YPF nas mãos da Repsol, titular de uma participação total de 57,43% da companhia petrolífera argentina.
O projeto, enviado ao Parlamento em 16 de abril e que conta com o apoio do Governo e de partidos da oposição, também prevê a desapropriação das ações da companhia petrolífera espanhola YPF Gás, a maior distribuidora no varejo de gás liquidificado de petróleo envasilhado da Argentina. EFE