Rio de Janeiro, 2 jul (EFE).- A crise econômica global fez o
desemprego crescer mais entre os homens do que em relação às
mulheres, mas obrigou muitas delas a abandonarem o mercado de
trabalho, segundo um estudo divulgado hoje pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
De acordo com o levantamento, o número de homens desempregados no
Brasil cresceu 24% entre setembro de 2008, quando a crise se
agravou, e abril deste ano.
O número de mulheres desempregadas cresceu menos da metade
(11,2%) no mesmo período, de acordo com o Ipea.
Para os analistas do instituto, essa diferença corresponde ao
fato de que os setores mais afetados pela crise no Brasil foram a
indústria e a construção civil, que tradicionalmente empregam mais
homens do que mulheres.
No mesmo período, foi registrada uma redução de 3,1% no número de
mulheres empregados, frente a uma baixa de 1,6% no número de homens
ocupados, o que indica, segundo o Ipea, uma diminuição da presença
feminina na força de trabalho.
Da mesma forma, houve crescimento de 8,9% no número de mulheres
ocupadas, mas sem remuneração, e uma queda de 13,7% no número de
homens ocupados, sem remuneração.
"Uma das hipóteses para explicar essa situação é que as mulheres
que antes estavam empregadas, desempregadas ou inativas reforçaram
empresas familiares, talvez para substituir trabalhadores demitidos,
na condição de colaboradoras sem salário", segundo o estudo.
Mesmo com o desemprego mais forte entre os homens, a pesquisa diz
que "a população economicamente ativa do Brasil ficou mais
masculina, o que reverteu uma tendência ao aumento da presença
feminina no mercado de trabalho", já que eles estão buscando se
recolocar.
Segundo as estatísticas oficiais, o desemprego no Brasil aumentou
de 7,6% em setembro do ano passado, antes do agravamento da crise,
para 8,8% em maio deste ano.
A perda de empregos cresceu especialmente no setor industrial, o
mais afetado pela crise no país devido à queda das exportações e do
crédito. EFE