Paris, 10 mar (EFE).- A Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que o Produto Interno Bruto
(PIB) de seus países-membros deve cair 3,1 pontos percentuais no
longo prazo ainda como consequência da crise econômica.
Esta é uma das principais conclusões do relatório anual da OCDE,
publicado hoje, sobre a supervisão das reformas estruturais
realizadas por seus membros e a repercussão sobre seu crescimento.
Segundo os autores do estudo, nos 30 Estados da organização - que
cresceram a um ritmo médio de 2% a 2,25% ao ano nos sete anos que
precederam a crise -, o avanço vai ficar limitado a quase 1,75% no
longo prazo. Em 2009, houve recessão de 4%.
A OCDE destaca que a diminuição do potencial de crescimento vai
estar dividida de forma muito desigual entre seus membros. No final
da fila, bem atrás dos demais, aparecem Irlanda, com queda de 11,8
pontos no PIB, e Espanha, com retrocesso de 10,6 pontos.
Em ambos os casos, esse diminuição da capacidade de crescimento
econômico se deverá essencialmente ao efeito da perda de empregos,
que diminuirá o PIB em 9,8 pontos percentuais na Irlanda e em 8,4
pontos na Espanha - a média na OCDE será de 1,1 pontos.
Segundo a organização, os efeitos da crise sobre o emprego na
Irlanda e Espanha incluem "uma substancial redução da força de
trabalho resultante principalmente" de uma mudança de tendência na
chegada de imigrantes.
O outro fator responsável pela baixa do potencial de crescimento
será o aumento dos custos de capital, derivados da crise de
confiança causada pela explosão da bolha do crédito, o que aumentou
a percepção de riscos.
Nesse caso, a redução de expectativas para Espanha (2,1 pontos a
menos no PIB) e Irlanda (-2) se situa na média da OCDE (-2).
Os países relativamente menos afetados serão Japão (-2,1 pontos),
Estados Unidos (-2,4), Canadá (-2,4) e Nova Zelândia (-2,4).
A OCDE considera em seu relatório que os países-membros
conseguiram evitar os erros cometidos em crise anteriores, como o
uso de severas medidas protecionistas.
Entretanto, isso não vai evitar que "a recessão deixe profundas
feridas que serão visíveis nos próximos anos", disse o
economista-chefe da OCDE, Pier Carlo Padoan. EFE