Santiago do Chile, 12 mar (EFE).- As perdas provocadas pelo
terremoto de 27 de fevereiro no Chile somam pelo menos US$ 30
bilhões, segundo o Governo do país, montante equivalente a 17% do
Produto Interno Bruto (PIB) local.
A cifra foi divulgada hoje em entrevista coletiva pelo novo
presidente do Chile, Sebastián Piñera, e coincide com a estimativa
mais alta feita pouco depois da tragédia por consultorias
americanas.
"O dano patrimonial causado pelo terremoto vai ser próximo de US$
30 bilhões. Estou falando de imóveis destruídos, hospitais
colapsados, escolas com graves danos, danos a nosso aparelho
produtivo e nossa infraestrutura e muitas outras coisas", explicou
Piñera.
O presidente chileno disse que houve erros por parte do Governo
da agora ex-governante Michelle Bachelet ao lidar com o terremoto e
o tsunami que atingiu o litoral chileno, os quais serão analisados
mais adiante.
"É necessário que o Chile esteja muito melhor preparado para
enfrentar adversidades e tenha um sistema de alarme avançado para
tomar decisões que salvem vidas", afirmou Piñera, que assumiu a
Presidência ontem.
Os acontecimentos imediatamente seguintes ao terremoto
"demonstraram que o sistema de alarme tem que ser aperfeiçoado, e
também o sistema de ajuda oportuna, que inclui a manutenção da ordem
pública e o fornecimento dos bens básicos", disse o presidente
chileno.
Além disso, Piñera anunciou a entrada em vigor de um plano que
será financiado por meio da criação de um fundo de reconstrução e
desenvolvimento.
Este programa, que será aprovado nos próximos dias, será
financiado após cortes no gasto público e o uso de parte dos US$
25,87 bilhões que o Chile tem em reservas internacionais.
Também estão previstos empréstimos nos mercados internacionais,
dado que o nível de dívida externa do Chile é muito baixo, "ao
contrário de alguns países europeus", comentou Piñera.
Além disso, o alto preço do cobre - que fechou a US$ 3,3 por
libra nesta semana - contribuirá com receitas adicionais para o
plano de reconstrução.
Na primeira entrevista coletiva na Presidência, Piñera foi
perguntado sobre a ausência do presidente venezuelano, Hugo Chávez,
ontem em sua posse, à qual compareceram os governantes de Argentina,
Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Paraguai e Uruguai.
"O presidente Chávez foi convidado à troca de comando, em momento
algum colocou sua intenção de vir. Imagino que teve razões para não
vir", arriscou Piñera.
O presidente evitou responder a uma pergunta sobre a suposta
relação entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc),
a organização terrorista basca ETA e o Governo da Venezuela,
denunciada recentemente pelo juiz da Audiência Nacional espanhola
Eloy Velasco.
Mas Piñera falou sobre a possível relação entre Farc e ETA, ao
dizer que "isso é algo que conversamos muitas vezes, entre outros,
com o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe".
Ao falar sobre um possível conflito de interesses por ter nomeado
pessoas vinculadas ao setor da construção civil como intendentes das
regiões devastadas, Piñera disse que, "na vida, sempre é possível
encarar conflitos de interesses; o importante é saber resolvê-los em
forma correta".
"Eu posso assegurar que todas as decisões que eu tomar como
presidente do Chile só têm um norte: o bem comum", explicou Piñera,
criticado durante a campanha eleitoral por ser político e
empresário.
O presidente chileno disse que ainda não vendeu os 40% das ações
da companhia aérea LAN que ainda estão em suas mãos porque o
terremoto não lhe deu tempo para cuidar do assunto.
Piñera aproveitou para informar já vendeu sua participação na
Clínica Las Condes e que a transformação do canal de televisão
"Chilevisión" em uma fundação já está acontecendo. EFE