Nova York, 16 ago (EFE).- Os advogados de Dominique Strauss-Kahn, ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), criticaram a difusão do relatório do hospital nova-iorquino onde foi tratada a mulher que acusa o político francês de agressão sexual e o consideraram parte de uma estratégia "enganosa e insidiosa" da acusação.
A defesa alegou nesta terça-feira que o relatório do hospital de Manhattan se baseia "quase exclusivamente" no testemunho de Nafissatou Diallo, a imigrante procedente da Guiné que denunciou Strauss-Kahn por crimes sexuais, de quem disseram que "várias vezes" ficou demonstrado que sua palavra "não é crível".
"Além disso, o relatório confirma que a litigante não tinha nenhum ferimento causado por um encontro forçado", afirmaram os advogados William Taylor e Benjamin Brafman em comunicado, em resposta à divulgação das conclusões dos médicos que trataram Nafissatou em 14 de maio por parte do semanário francês "L'Express".
Segundo os advogados, a descrição física da suposta vítima nesse relatório "não são lesões", mas sim condições comuns que podem se dever a causas diversas, "inclusive atividade sexual consentida dias antes do incidente" no hotel Sofitel de Manhattan.
"Diagnóstico: agressão. Causa dos ferimentos: agressão. Estupro", indicam as conclusões do relatório divulgadas por "L'Express", nas quais se acrescenta que Nafissatou chegou ao hospital de ambulância, embora fosse capaz de se deslocar por si só, e estava junto a um policial.
O relatório recolhe também a declaração dos funcionários de saúde que a acompanhava, segundo o qual a camareira se queixava de ter sofrido agressão sexual.
"Ele me empurrou para baixo e introduziu o pênis na minha boca", relatou a paciente, descrição que ela mesma repetiu aos médicos que a trataram no hospital.
Às lágrimas, Nafissatou deu aos médicos mais detalhes da suposta agressão, que estão contidos no relatório, que indica o início do ocorrido: "Um homem nu de cabelo branco fechou a porta e a empurrou para a cama".
O advogado da litigante, Kenneth Thompson, expressa em entrevista concedida também à "L'Express" sua convicção de que sua cliente sofreu agressão sexual, e sua surpresa de que a promotoria, embora tenha abordado esses dados no início da investigação, não lhes tenha concedido maior peso. EFE