Davos (Suíça), 24 jan (EFE).- Mais de dez anos depois de sua última participação, o Governo cubano enviou nesta semana um representante ministerial ao Fórum de Davos, em busca de capital estrangeiro para diversificar e sustentar a frágil economia da ilha.
Segundo explicou à Agência Efe o ministro cubano de Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro, Rodrigo Malmierca, Cuba atraiu mais de US$ 6 bilhões em investimentos estrangeiros desde que adotou em 2014 uma nova legislação para regular a chegada destes capitais.
"Não estamos ao nível que queremos, podemos atrair mais capital estrangeiro. Mas vamos progredindo e aqui tivemos contato com um grupo representativo de empresas que têm interesse em investir em Cuba", disse Malmierca.
A reunião em Davos do Fórum Econômico Mundial (WEF, em inglês) oferece, segundo o ministro, a possibilidade de entrar em contato "com muitos atores, não só governamentais, também empresas, por conta do interesse que Cuba tem de diversificar sua inserção econômica".
Cuba atravessa neste momento um processo de reforma constitucional para cimentar as mudanças aberturistas no sistema de economia centralizada que foram impulsionadas sob o mandato do anterior chefe do Estado, Raúl Castro, que cedeu o poder em abril ao novo presidente Miguel Díaz-Canel.
No âmbito econômico, lembrou Malmierca, Cuba "tem uma história de muita dependência de um só mercado".
"Quando éramos colônia da Espanha, dependíamos da Espanha; quando íamos ser independentes, chegaram os americanos, ocuparam militarmente o país e então dependíamos dos EUA, até a Revolução no ano 1959".
"Mas aí veio o bloqueio econômico, então a União Soviética veio nos ajudar e dependíamos da URSS".
"Hoje pensamos", argumenta o veterano diplomata cubano, que foi representante de Cuba diante das Nações Unidas, "que o mais conveniente para a nossa economia é ter uma inserção bem diversificada e relações com muitos mercados diversos".
A política para capital estrangeiro aprovada pelo governo de Cuba em 2014 tem "um enfoque setorial": as autoridades selecionaram uma série de setores - 16, especifica o ministro - nos quais foi identificado "exatamente o que queremos fazer com o capital estrangeira".
Os mais de US$ 6 bilhões comprometidos desde então são dirigidos ao turismo, energia, mineração, indústria e agricultura. Mas o turismo continua sendo o principal foco de interesse.
"Não só é o setor mais dinâmico, que cresce com mais rapidez, mas, além disso, é o que pode arrastar outros setores, porque, se pudermos produzir bens e serviços em Cuba para fornecer aos turistas, é muito melhor", argumentou Malmierca.
"O turismo vai seguir sendo básico para nós", pois muitos investimentos "estão de alguma maneira vinculados" a ele, como os relacionados com as energias renováveis e as infraestruturas.
Malmierca se referiu também à situação da dívida contraída por Cuba com empresas espanholas, um problema que foi abordado pelo presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, durante a visita que realizou à ilha no final de novembro.
"A Espanha é um de nossos principais parceiros comerciais, com a caraterística que são pequenas e médias empresas espanholas as que fazem tradicionalmente negócios com Cuba", segundo o ministro.
Malmierca reconheceu que "houve demoras nos pagamentos nos últimos meses", mas trata-se de "uma situação conjuntural".
O ministro garantiu que houve conversas "muito francas" a respeito durante a visita de Sánchez e da ministra de Indústria e Comércio espanhola, Reyes Maroto.
"Estamos trabalhando para normalizar a situação", ressaltou.
O ministro anunciou que, ao longo da próxima semana, o vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, Ricardo Cabrisas, realizará "uma breve visita a Madri" na qual voltará a ser abordada a questão.