David diz que BC quer manter liquidez no mercado de câmbio apesar de "efeitos colaterais"

Publicado 19.05.2025, 14:39
Atualizado 19.05.2025, 15:55
© Reuters. Sede do Banco Central, em Brasílian17/12/2024nREUTERS/Adriano Machado

(Reuters) - O diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, disse nesta segunda-feira que o Brasil tem um mercado de câmbio muito "profundo e líquido", e que o BC quer manter esse cenário, apesar de notar que isso pode gerar "efeitos colaterais".

Na LiveBC sobre câmbio, ele destacou que a liquidez do mercado cambial traz investidores específicos que podem querer usar a moeda por pouco tempo, e eventos externos podem levar a deslocamentos muito grandes para um lado só, o que pode gerar disfuncionalidades.

"O Brasil é um mercado muito profundo e líquido... É muito útil para as empresas e a gente gosta muito disso e quer manter. Mas com isso vêm também efeitos colaterais", afirmou.

David disse, ainda, que é na disfuncionalidade que o BC pensa se deve intervir ou não, e que a autoridade monetária deve estar preparada para disfuncionalidades para qualquer um dos lados, enfatizando que elas surgem a partir da observação dos fluxos, e não de níveis específicos da taxa de câmbio.

A intervenção por parte do BC é mais eficaz quanto mais perto ocorrer da causa da disfuncionalidade, afirmou o diretor.

Ele reiterou que o Brasil tem um câmbio flutuante, que "vai para onde tem que ir" e que a autarquia não persegue uma meta para a taxa cambial, defendendo que não cabe ao BC decidir se seu nível está certo ou errado.

Segundo David, uma política de câmbio fixo não poderia funcionar por muito tempo e não permitiria que o país tivesse uma meta de inflação, pois haveria perda de controle da política monetária.

"Controlar uma moeda significa fazer aquilo que eu acredito que não dê certo por muito tempo. Você pode fazer isso de forma muito efêmera, mas vai durar pouco", afirmou. "Hoje o câmbio é flutuante e livre, qualquer cidadão pode investir como achar que tiver vontade."

David sinalizou que o BC possui reservas internacionais para uso em necessidades, como as disfuncionalidades, e não para especular, justificando sua composição majoritária em dólares pelo fato de que as transações internacionais do Brasil são feitas em sua maioria através da divisa norte-americana.

De acordo com o dado mais recente do Banco Central, referente à última sexta-feira, as reservas internacionais estão em US$339 bi.

Por fim, o diretor disse não ver a moeda norte-americana perder seu protagonismo como reserva de câmbio global nos próximos dez anos, apesar de reconhecer a busca de países por outras moedas alternativas tanto para comércio quanto estoque.

"Não consigo enxergar em um horizonte de cinco a dez anos isso se alterando de forma significativa na parte de ser a moeda de referência", apontou.

David indicou que uma moeda única de troca para o Brics, que tem sido discutida pelos membros do grupo como uma alternativa ao dólar, poderia se tornar uma divisa relevante de comércio, mas não substituiria a moeda dos EUA como reserva global nos próximos dez anos.

(Reportagem de Fernando Cardoso)

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