Tel Aviv, 5 mar (EFE).- O cineasta Yaron Shani, um dos diretores
do indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro "Ajami" (Israel),
assegura que o trabalho dos atores amadores é a grande força do
longa.
"'Ajami' não seria o que é se tivéssemos utilizado atores
profissionais", diz Shani sobre seu primeiro longa-metragem, que
compete no próximo domingo com "O Segredo dos Seus Olhos
(Argentina)", "O Leite da Amargura" (Peru), "O Profeta" (França) e A
"Fita Branca" (Alemanha).
O brasileiro "Salve Geral", de Sérgio Rezende, foi o escolhido
para representar o país no Oscar, mas não ficou entres os finalistas
selecionados para disputar a estatueta.
Em entrevista à Agência Efe no restaurante Babai, um dos
pontos-chave de "Ajami", Shani, que dirige o longa ao lado de
Scandar Copti, afirma que o método usado para rodar seu primeiro
longa-metragem permite que os atores façam uma representação
incrível sem serem profissionais".
"Era preciso só uma identificação profunda com o personagem",
explica.
Os cineastas tornaram atores os moradores do maltratado bairro de
Ajami, um subúrbio de Jaffa, cenário durante duas horas de uma
sucessão de tensões sociais, assassinatos e dramas em um ambiente de
imigração ilegal, amores proibidos e tráfico de drogas.
Rodado em árabe e hebraico, o filme conta através de saltos
temporais um emaranhado de histórias de, como diz o próprio diretor,
"gente que confronta a realidade e que faz parte de um mundo
segregado".
Segundo o diretor, a força da interpretação está no fato de que
os atores "não conheciam o roteiro antes de rodar a cena nem sabiam
o que ia acontecer, mas reagiam exatamente como o texto pedia, ainda
que com suas próprias palavras".
"No filme ninguém chora porque pedimos que chore. Tudo sai de
seus corações, tudo era improvisado. Assim obtivemos um filme de
ficção que ao mesmo tempo é algo real", conta Shani.
Apenas quatro dos 150 moradores do bairro que participaram do
filme tinham recebido informações, em pouca quantidade, dos
personagens que viveriam. EFE