Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar rondava a estabilidade frente ao real nesta terça-feira, uma vez que sua força no exterior era compensada pela expectativa de aumento no diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos após as decisões do Federal Reserve e do Banco Central na quarta-feira.
Às 9h53, o dólar à vista tinha variação negativa de 0,04%, a 5,5086 reais na venda. Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,10%, a 5,508 reais na venda.
Nesta sessão, investidores globais voltavam suas atenções para uma última bateria de dados econômicos antes da decisão do Fed na quarta-feira, em busca de sinais sobre o tamanho do corte de juros a ser feito pelo banco central dos EUA no início de seu ciclo de afrouxamento monetário.
O Departamento do Comércio dos EUA informou que as vendas no varejo cresceram 0,1% em agosto na base mensal, acima da expectativa de analistas consultados pela Reuters de queda de 0,2%.
O resultado reduziu temores de que a demanda do mercado consumidor norte-americano esteja próxima do colapso, o que pode impactar na decisão dos membros do Fed sobre realizar um afrouxamento monetário agressivo ou gradual a partir da reunião deste mês.
"Observa-se, sim, uma desaceleração da economia do país, em especial no mercado de trabalho, um ritmo menor de criação de postos de trabalho no país, porém não dá para caracterizar a economia norte-americana como fraca", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Diante disso, o rendimento do Treasury de dois anos -- que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo -- tinha alta de 4 pontos-base, a 3,594%, o que ajudava o dólar a se fortalecer ante a maioria de seus pares fortes e emergentes.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,09%, a 100,790.
A moeda norte-americana também avançava frente ao peso mexicano, o peso chileno e o rand sul-africano.
Mesmo após os dados positivos, operadores ainda colocavam 67% de chance de o Fed reduzir os juros em 50 pontos-base na reunião de dois dias que começa nesta terça. Na semana passada, a probabilidade de tal movimento esteve em 15%. A chance de um corte de 25 pontos-base está em 33%.
No cenário nacional, o mercado se posicionava para a reunião do dois dias do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa nesta terça-feira. A expectativa continua sendo de uma alta de 25 pontos-base, o que ajudava o real a ter um desempenho melhor contra o dólar do que seus pares.
O aumento do diferencial de juros entre Brasil e EUA -- com alta de juros pelo BC e redução da taxa do Fed -- é, em tese, positivo para a moeda brasileira, uma vez que a torna mais atrativa para investimentos.
"A perspectiva de crescimento do diferencial de juros... tem beneficiado o real, tem ajudado na atração de capitais estrangeiros e pode ajudar a manter a taxa de câmbio brasileira em trajetória de queda" completou Mattos.
Operadores colocavam 90% de chance nesta manhã de que o Copom elevará a taxa de juros em 25 pontos-base na quarta-feira.