Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar acelerou a alta na tarde desta sexta-feira e renovou a máxima intradiária, indo acima de 5,44 reais, com investidores recompondo posições na moeda em busca de proteção antes do fim de semana, com o noticiário fiscal doméstico ainda gerando apreensão.
A força do dólar ante a maioria das divisas emergentes no exterior respaldava o movimento de compra por aqui, enquanto a alta do Ibovespa sugeria que operadores estavam tomando dólares como "hedge" para apostas no mercado de ações.
"São poucos players atuando de verdade no mercado, que fica sujeito a essa volatilidade", disse um gestor.
Outro afirmou que, como pano de fundo, havia um "mal-estar forte" com Brasil, sobretudo por causa das discussões no campo fiscal.
Na véspera, o presidente Jair Bolsonaro admitiu discussões internas no governo sobre furar o teto de gastos públicos e ainda fez críticas ao mercado financeiro, do qual cobrou "patriotismo".
Pesquisa da XP Investimentos mostrou nesta sexta-feira que a maioria dos investidores institucionais consultados vê alguma forma de ajuste no teto de gastos para permitir despesas adicionais em 2021. De acordo com a sondagem, o dólar poderia ir a 6,50 reais em caso de ausência desse mecanismo.
Às 14h58, o dólar à vista avançava 1,15%, a 5,4294 reais na venda, depois de alcançar 5,443 reais, alta de 1,41%. Mais cedo, a moeda chegou a cair 0,18%, para 5,358 reais.
O real tem o pior desempenho entre as principais moedas nesta sessão, repetindo posição de anteontem depois de na quinta-feira liderar os ganhos entre os mercados de câmbio globais --o que evidencia a instabilidade nos preços da moeda brasileira.
A volatilidade implícita nas opções de dólar/real para três meses --uma medida da incerteza em relação à taxa de câmbio-- voltava a 20,00%, nas máximas desde o começo de julho. O real tem a segunda maior volatilidade implícita entre as principais divisas emergentes, a uma curta distância da volatilidade associada à lira turca (20,58%).