Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em leve queda ante o real nesta sexta-feira, reagindo à nova rodada de números mistos sobre a economia dos Estados Unidos, que reforçou a percepção de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, não deve aumentar os juros tão cedo.
Tensões renovadas entre a Rússia e a Ucrânia chegaram a fazer a moeda norte-americana subir ante o real durante a tarde, mas o movimento perdeu força nas últimas horas do pregão.
O dólar recuou 0,24 por cento, a 2,2640 reais na venda, após chegar a 2,2568 reais na mínima e 2,2776 reais na máxima da sessão. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 800 milhões de dólares.
"Os últimos dados dos EUA não têm sido tão animadores quanto parte do mercado esperava", disse o gerente de operações do Banco Confidence, Felipe Pellegrini. "Para o Fed, isso significa que ele pode ser mais cauteloso quando for decidir quando subir juros".
Entre os indicadores desta sessão, destacaram-se a alta menor do que a esperada do índice "Empire State", do Fed de Nova York, e o resultado aquém das expectativas da confiança do consumidor norte-americano.
Outros dados mostraram desempenho melhor, como a produção industrial, mas operadores afirmaram que a inconsistência dos números divulgados levou o mercado a adotar uma postura cautelosa. Segundo pesquisa da Reuters, a primeira alta dos juros nos EUA deve vir no segundo trimestre do ano que vem.
No fim da manhã, a aversão global ao risco cresceu depois que a Ucrânia afirmou ter destruído parte de uma coluna de blindados russos em seu território. A crise na região tem motivado sanções mútuas dos Estados Unidos e da União Europeia contra a a Rússia.
A notícia chegou a colocar o dólar no território positivo durante a tarde, mas o movimento não se sustentou. Segundo analistas, a queda dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, que levou os papéis às mínimas em mais de um ano, contribuiu para reduzir a alta do dólar nas últimas horas da sessão.
"Acabou sendo uma questão técnica. Se os juros dos EUA vão lá para baixo, os ativos brasileiros ficam muito atraentes, mesmo num clima de aversão ao risco", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
O mercado doméstico também continuou atento à cena política, após a morte do então candidato à presidência Eduardo Campos (PSB) na quarta-feira. Investidores se perguntam se a candidata à vice na chapa do partido, Marina Silva, ocupará o lugar de Campos e qual impacto isso teria nas eleições de outubro.
Pesquisa Datafolha prevista para a próxima segunda-feira levará em conta dois cenários: um com Marina assumindo a candidatura de Campos e outro com o PSB se afastando da disputa.
O Banco Central deu continuidade nesta manhã às suas intervenções diárias com swaps cambiais, derivativos que oferecem proteção contra uma possível desvalorização do real. O BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps que vencem em 2 de fevereiro de 2015, com volume correspondente a 198,9 milhões de dólares. Também foram ofertados contratos para 1º de junho de 2015, mas nenhum foi vendido.
Além disso, o BC vendeu a oferta integral de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em setembro. Ao todo, o BC já rolou cerca de 45 por cento do lote total, que corresponde a 10,070 bilhões de dólares.
(Por Bruno Federowski)