Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar operava perto da estabilidade ante o real nesta terça-feira, zerando quedas de mais cedo, com investidores reduzindo posições de risco no aguardo de declarações da futura secretária do Tesouro dos Estados Unidos e ex-chair do banco central norte-americano, Janet Yellen.
Às 12h12, o dólar à vista tinha variação positiva de 0,08%, para 5,3091 reais na venda. Mais cedo, a cotação chegou a recuar 1,17%. No exterior, o índice do dólar caía 0,2%.
Yellen vai falar ao Comitê Financeiro do Senado dos EUA que o governo precisa adotar uma grande ação em seu próximo pacote de estímulo relacionado ao coronavírus, segundo texto preparado visto pela Reuters.
O mercado reagiu com dólar em queda quando notícias apontaram Yellen como a escolhida por Biden para comandar o Tesouro, levados por expectativa de que ela abra as torneiras de dinheiro barato para irrigar o mercado com mais liquidez.
"O governo Biden deve dar suporte a uma política de dólar forte. Contudo, não acreditamos que os fundamentos são um apoio para o dólar forte e continuamos a esperar fraqueza adicional da moeda ao longo do ano", disseram em nota analistas do banco MUFG.
O dólar caía no Brasil nesta terça também influenciado por expectativas para a política monetária, e o salto de 2,37% do IGP-M na segunda prévia de janeiro reforçou o cenário de que o Banco Central abandonará o compromisso de deixar os juros estáveis sob determinados critérios.
O entendimento é que esse seria o primeiro passo para se vislumbrar alta da Selic, o que poderia dar algum suporte ao câmbio. Segundo analistas, um dos motivos para a pressão sobre o real é o juro em patamar muito baixo, que deixa a moeda mais vulnerável a operações de hedge ou de financiamento para apostas em outras divisas.
A Selic está em 2% ao ano, mínima histórica, e o Copom anuncia sua decisão na quarta-feira após o fechamento dos mercados.