Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar oscilava entre altas e baixas frente ao real nesta quinta-feira, ora pressionado pelo bom humor local na esteira do primeiro turno das eleições, que foi bem recebido pelos mercados, ora apoiado pela aversão a risco no exterior, antes de importantes dados de emprego dos Estados Unidos.
Às 10:03 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,27%, a 5,2021 reais na venda. A moeda trocou de sinal várias vezes ao longo das primeiras horas de negociação, e foi de 5,2112 reais no pico do dia (+0,44%) para 5,1737 na mínima (-0,28%).
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 10:03 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,09%, a 5,2285 reais.
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Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse que há duas forças opostas por trás do comportamento do câmbio nesta manhã. De um lado, trabalhando a favor do dólar, ele destacou o avanço da moeda norte-americana no exterior, com investidores à espera do relatório de criação de vagas de emprego fora do setor agrícola dos Estados Unidos, conhecido como "payroll".
"O payroll, junto com os dados de inflação, será determinante para o mercado precificar o que deve acontecer na próxima reunião do banco central americano no mês de novembro", disse o estrategista.
A expectativa em pesquisa da Reuters é de que os EUA criaram 250 mil vagas de emprego fora do setor agrícola em setembro. Um dado mais forte do que isso jogaria a favor de um aperto monetário agressivo por parte do Federal Reserve, que está tentando esfriar a economia de forma a conter a inflação mais alta em décadas. O banco central dos EUA já subiu sua taxa de juros em 3 pontos percentuais desde março deste ano.
Investidores temem que altas muito intensas nos custos dos empréstimos nas principais economias leve a uma recessão global, o que tem aumentado a demanda por ativos seguros, como o dólar.
Por outro lado, oferecendo suporte ao real nesta quinta-feira, o primeiro turno das eleições brasileiras, no domingo passado, surpreendeu os mercados positivamente, depois da formação de um Congresso mais à direita e de um desempenho melhor do que o esperado do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
O resultado aumentou a pressão para que o mais votado na primeira rodada do pleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), modere seu discurso e sua agenda econômica.
"Tudo isso, na teoria, puxando Bolsonaro e Lula para o centro. O mercado está recebendo bem, o que fortalece a moeda brasileira, pela leitura de que mais para frente a gente teria menos risco de cair em problemas fiscais", avaliou Cruz.
Na segunda-feira, primeiro pregão após o primeiro turno, o dólar despencou pouco mais de 4% frente ao real, sua maior queda diária desde meados de 2018.
Alguns especialistas têm dito que os mercados domésticos devem ficar mais sensíveis aos desdobramentos eleitorais nas próximas semanas do que no período que antecedeu o primeiro turno, diante da perspectiva de disputa acirrada entre Lula e Bolsonaro.