O dólar hoje à vista recuou 0,43% em relação ao real nesta terça-feira, 11, a R$ 4,8616, revertendo a alta de 0,34% observada na véspera. Ajustes de apostas para os próximos passos da política monetária aqui e nos Estados Unidos - após a divulgação do IPCA de junho e à véspera da publicação da inflação ao consumidor (CPI) americana nesta quarta-feira, 12 - deram o tom da sessão.
O desempenho do real também foi beneficiado pela expectativa positiva de evolução da reforma tributária no Senado. Assim, o dólar caiu mais em relação à moeda brasileira do que na comparação com outros pares emergentes, como o peso mexicano (-0,05%), e exportadores de commodities, a exemplo do dólar australiano (-0,18%), apesar de altas acima de 2% nos preços do petróleo na sessão.
A moeda americana sustentou ganhos em relação ao real ao longo de toda a manhã e chegou à máxima de R$ 4,9231 (+0,83%) por volta de 9h30, após o IBGE ter apontado deflação de 0,08% no IPCA de junho - o que, na leitura de analistas, reforçou a expectativa de um corte da Selic em agosto. No entanto, a moeda passou a cair durante a tarde, até a mínima de R$ 4,8550 (-0,56%).
"Pela manhã, o pessoal acabou vendo que o IPCA abre espaço para o corte de juros, mas, com os serviços pressionando, acho que uma baixa de 0,25 ponto, e não de 0,50 ponto, acaba ficando escrita em pedra. Acho que essa leitura começou a ser entendida um pouco mais durante a tarde, e esse corte menor da taxa Selic favorece o real", diz o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni.
O aprofundamento das perdas globais do dólar durante a tarde - quando o índice DXY chegou à mínima da sessão, aos 101,665 pontos, como reflexo da melhora nas bolsas de Nova York - também sustentou a virada. Para Velloni, os ajustes nas apostas para os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) também favoreceram a baixa global da moeda americana, enquanto o mercado aguarda sinais de alívio da inflação no CPI.
O gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, acrescenta que a alta do dólar em relação ao real pela manhã respondeu a incertezas sobre a inclusão de jabutis na reforma tributária pelo Senado. Mas esse movimento fez com que a cotação da moeda americana chegasse a um ponto de realização dos lucros, o que contribuiu para a virada de sinal durante a tarde, junto às perspectivas para a política monetária.
Perto do meio-dia, declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também limitaram a incerteza em torno do futuro da reforma tributária. Em entrevista coletiva, Pacheco descartou a possibilidade de "fatiar" a medida e garantiu que a intenção é votar o texto até meados do segundo semestre e promulgá-lo até o fim de 2023.