Dólar recua com dados e preocupações sobre independência do Fed; derrubada do IOF e dados em foco

Publicado 26.06.2025, 10:24
Atualizado 26.06.2025, 10:25
© Reuters. Imagem ilustrativa de notas de dólarn17/07/2022nREUTERS/Dado Ruvic

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista recuava ante o real nesta quinta-feira, conforme investidores avaliavam a decisão do Congresso de derrubar o decreto do governo que elevou alíquotas do IOF, com temores sobre a independência do Federal Reserve e dados econômicos no Brasil e nos Estados Unidos também no radar.

Às 10h01, o dólar à vista caía 0,38%, a R$5,5366 na venda.

Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,31%, a R$5,545 na venda.

Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo uma desvalorização da moeda norte-americana no exterior, uma vez que os mercados reagiam a novos dados que reforçaram preocupações com o desempenho da economia norte-americana neste ano.

O governo dos EUA relatou mais cedo que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do país no primeiro trimestre foi revisado para mostrar uma contração de 0,5%, em taxa anualizada, ante a estimativa anterior de retração de 0,2%.

O número fomentava ainda mais os receios dos investidores com a maior economia do mundo, que atravessa as enormes incertezas provocadas pela política comercial errática do presidente Donald Trump. De forma geral, esse cenário tem refletido em perdas para os ativos dos EUA.

Com isso, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,26%, a 97,249.

A moeda ainda caía ante pares do real, como o peso mexicano e o peso chileno.

Outro motivo para preocupação eram os contínuos ataques de Trump ao chair do Fed, Jerome Powell. Matéria do Wall Street Journal disse na quarta que o presidente estaria considerando anunciar seu indicado para o comando do Fed já em setembro ou outubro. O mandato de Powell termina apenas em maio de 2026.

"O fato de Trump poder nomear com antecedência quem vai ser o próximo condutor da política monetária e a crítica frequente que ele faz ao Fed traz receios de credibilidade da política monetária e está enfraquecendo o dólar globalmente", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

Havia um certo otimismo ainda com a aparente manutenção do cessar-fogo entre Israel e Irã, mesmo após Trump sinalizar na véspera que a guerra poderia reiniciar em algum momento. A interrupção do confronto tem fomentado o apetite por risco nas sessões desta semana.

Na cena doméstica, o grande destaque era a aprovação pelo Congresso de um projeto na quarta-feira para sustar os efeitos da iniciativa do governo que elevou a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras.

A Câmara dos Deputados e o Senado aprovaram o projeto de decreto legislativo (PDL) após semanas marcadas pelo impasse em torno do plano do Executivo, que já havia negociado com os parlamentares uma recalibragem da proposta e outras medidas para compensar os recuos.

Em entrevista à Folha de S.Paulo divulgada nesta quinta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que juristas do governo consideram o projeto do Congresso "flagrantemente inconstitucional", apontando que o Executivo pode levar a questão ao Supremo Tribunal Federal (STF).

"A preocupação dos investidores é que essa baixa capacidade de avançar a agenda econômica do governo dentro do Congresso, em particular a agenda relacionada a receitas e contas públicas, pode trazer dificuldades para o governo em manter a meta fiscal", disse Mattos.

Em fator positivo para o mercado, o IBGE informou mais cedo que a inflação brasileira voltou a desacelerar, com o IPCA-15 de junho registrando alta de 0,26%, abaixo do ganho de 0,36% em maio. Em 12 meses, o índice chegou a um avanço de 5,27%, ante a alta de 5,40% no mês anterior.

O resultado ainda veio ligeiramente abaixo do esperado em pesquisa da Reuters, que projetava altas de 0,3%, na base mensal, e 5,31%, em 12 meses.

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