Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha alta frente ao real nesta sexta-feira, depois de na véspera renovar seus menores patamares em um ano após sequência de perdas, com o foco de investidores continuando na política monetária após a reunião do Federal Reserve e antes do encontro do Copom na semana que vem, em meio ainda a perspectivas mais positivas para o Brasil.
Às 10:26 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,82%, a 4,8420 reais na venda.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 10:26 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,49%, a 4,8520 reais.
Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, disse à Reuters que esse movimento era provocado por razões técnicas, depois que o dólar recuou em nove dos últimos dez pregões. Na véspera, a divisa norte-americana à vista fechou o dia cotada a 4,8026 reais na venda, com baixa de 0,17%, marcando o menor patamar de encerramento desde 6 de junho de 2022 (4,7959).
"Vejo o movimento de hoje como um movimento aguardado e natural de realização; o importador é chamado para o mercado quando o dólar atinge sucessivas mínimas", explicou Bergallo. "Vamos ver agora até que ponto essa valorização tem fôlego. Acredito que seja um fôlego contido."
Para além das razões técnicas, ele citou a política monetária do Federal Reserve como um dos destaques.
Na quarta-feira, o banco central dos EUA anunciou a manutenção dos juros na faixa de 5% a 5,25% ao ano, mas sinalizou em novas projeções econômicas que os custos dos empréstimos podem aumentar mais 0,50 ponto percentual até o final do ano.
"Por um lado, caso o Fed volte a subir juros este ano, teremos uma pressão no câmbio", disse Bergallo. "Caso isso não ocorra, entendo que, diante do atual cenário fiscal local (que inclusive melhorou nosso rating após quatro anos de estagnação), temos espaço pra esse dólar voltar para patamares próximos do pré pandemia."
A agência de classificação de risco S&P elevou na quarta-feira a perspectiva para a nota de crédito do Brasil de "estável" para "positiva", e reafirmou o rating "BB-". De acordo com a agência, sinais de maior certeza sobre políticas fiscal e monetária estáveis podem beneficiar as perspectivas de crescimento econômico do país.
A decisão de política monetária do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na semana que vem também ficava no radar. Há ampla expectativa de manutenção da Selic nos atuais 13,75%, mas com grandes chances de a autoridade monetária abrir a porta para o início de um ciclo de afrouxamento já no terceiro trimestre, uma vez que a inflação tem mostrado sinais convincentes de arrefecimento.
Ainda assim, o Santander (BVMF:SANB11) disse em relatório nesta sexta-feira que continua "antevendo espaço limitado para o real se valorizar à frente em função de uma perspectiva de condições monetárias ainda apertadas no exterior e riscos de implementação associados ao novo arcabouço fiscal".