Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subiu mais de 2 por cento e fechou no maior patamar em dois meses nesta terça-feira afetado pela aversão a risco no exterior, com o mercado pressionado pela desvalorização do petróleo, além da busca de proteção pelos investidores antes do próximo encontro do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos.
O dólar avançou 2,09 por cento, a 3,3168 reais na venda, maior cotação de fechamento desde 7 de julho (3,3659 reais). Na mínima da sessão, o dólar marcou 3,2450 reais e, na máxima, 3,3338 reais. O dólar futuro avançava 2,10 por cento nesta tarde.
Somando-se aos motivos de cautela, operadores monitoravam as notícias sobre a saúde da presidenciável norte-americana Hillary Clinton e os desdobramentos da cassação do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha.
O risco-país medido pelo CDS de 5 anos chegou a superar 269 pontos no pior momento do dia, de 254 no fechamento de ontem, segundo operadores.
"Essa alta pressionou o câmbio, da mesma forma que o risco de uma delação ou a divulgação, por Cunha, de dados contra o governo", comentou o operador de uma corretora nacional.
Os investidores também se protegeram do risco de o Fed surpreender na reunião de política monetária da próxima semana e elevar a taxa de juros dos EUA.
"A possibilidade de isso (aumento nos juros em setembro) acontecer é baixa, mas o mercado opera expectativa e risco, de modo que eventual surpresa do Fed tende a acelerar o movimento de realização de lucros, sem mudança de conjuntura", argumentou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.
A doença da candidata democrata à Presidência dos EUA, Hillary Clinton, também foi citada por operadores como mais uma das justificativas para a aversão a risco.
"A doença fez reduzir as apostas de uma eleição dela e crescer as chances de Donald Trump (republicano) e o mercado está atento", completou Machado.
Pela manhã, os mercados já trabalhavam estressados por causa de um relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) com previsões pessimistas sobre o crescimento da demanda por petróleo e que derrubou os preços do barril.
"Mercado já abriu estressado com commodities e petróleo", destacou o economista da corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira.
O anúncio do plano de privatizações pelo governo no final da manhã era aguardado, mas não chegou a influenciar as cotações.
Nesta manhã, o Banco Central vendeu todos os 10 mil contratos de swap cambial reverso.
(Edição de Flavia Bohone)