Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha leve queda ante o real nesta segunda-feira, mantendo o movimento do pregão passado, com os investidores atentos ao cenário geopolítico externo e sob a expectativa de aumento iminente dos juros nos Estados Unidos.
Internamente, a cena política também estava no radar, com investidores cautelosos com a possibilidade de ministros do presidente Michel Temer serem investigados por corrupção.
Às 10:36, o dólar recuava 0,36 por cento, a 3,1038 reais na venda, depois de cair 1,15 por cento na sexta-feira em movimento de correção após saltar a 3,15 reais. O dólar futuro tinha baixa de cerca de 0,20 por cento.
"A segunda-feira começou preguiçosa, com os investidores atentos ao noticiário", comentou o economista-chefe da corretora BGC Liquidez, Alfredo Barbutti.
No exterior, o dólar tinha leves oscilações ante uma cesta de moedas, com investidores realizando lucros após a alta da divisa norte-americana na semana passada diante da expectativa de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, vai elevar os juros neste mês.
Na semana passada, os mercados ajustaram suas apostas de que o Fed voltará a elevar os juros nos Estados Unidos neste mês, o que tem potencial para atrair a maior economia do mundo recursos aplicados em outras praças financeiras, como a brasileira.
Na sexta-feira passada, a chair do Fed, Janet Yellen, corroborou as apostas de aumento de juros, desencadeando algum movimento realização de lucros, ao afirmar que uma alta será apropriada caso os dados econômicos a sustentassem.
"Pelo temor de perder o timing e retomar tardiamente a alta dos juros, o Fed deve fazê-lo na reunião deste mês, até mesmo de maneira preventiva a um possível plano econômico fiscalmente expansivo do atual governo", comentou a corretora Infinity em relatório a clientes, referindo-se ao governo do presidente Donald Trump.
As notícias de que a Coreia do Norte disparou quatro mísseis balísticos, sendo que três atingiram águas japonesas, também estavam no foco.
Internamente, a cautela ainda era gerada pelo cenário político, sobretudo após a notícia de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, planeja pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF), talvez já nesta semana, para investigar ministros de Temer e senadores do seu partido PMDB por corrupção.
O temor é que isso atrapalhe as votações de importantes reformas no Congresso, como a da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas em ordem.
O Banco Central brasileiro continuava fora do mercado de câmbio, sem anunciar qualquer intervenção, por ora. Em abril, vencem o equivalente à 9,711 bilhões de dólares em swaps tradicionais, equivalente à venda futura de dólares, e operadores se questionavam se o BC rolará, mesmo que parcialmente, esses contratos.