Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar apresentava queda acentuada contra o real nesta quinta-feira, refletindo a fraqueza da divisa norte-americana no exterior em meio a otimismo em relação à distribuição de vacinas e a mais estímulos fiscais nos Estados Unidos, enquanto, no Brasil, dominava o radar o Relatório de Inflação do Banco Central.
Às 10:31, o dólar recuava 0,63%, a 5,0758 reais na venda, depois de ter caído a 5,0474 reais na mínima do dia, enquanto o contrato mais negociado de dólar futuro tinha queda de 0,16%, a 5,074 reais.
A sessão era marcada por forte otimismo nos mercados internacionais, o que tem predominado nos últimos dias em meio a sinais de progresso na distribuição de vacinas contra a Covid-19. O Reino Unido e os Estados Unidos já começaram a imunizar sua população, enquanto, na Europa, Alemanha e França disseram que iniciarão a inoculação na última semana de dezembro, assim que a vacina Pfizer-BioNtech for aprovada pela Agência Europeia de Medicamentos.
Enquanto isso, os parlamentares dos EUA estão se aproximando de um pacote de estímulo de 900 bilhões de dólares, ao mesmo tempo em que o Federal Reserve prometeu continuar canalizando dinheiro para os mercados até que a recuperação econômica norte-americana esteja garantida.
Os "mercados globais operam no campo positivo nesta quinta-feira", disse o Bradesco (SA:BBDC4) em nota. "O apetite por risco segue sustentado pelo noticiário de vacinas", enquanto "os investidores seguem atentos às negociações no Congresso norte-americano para aprovação de pacote fiscal".
Diante desse cenário, o índice do dólar contra uma cesta de moedas operava em queda de mais de 0,4%, abaixo da marca de 90,0, algo que não era visto desde abril de 2018. Lira turca, rand sul-africano, peso mexicano e dólar australiano, divisas cujo movimento o real tende a acompanhar, ganhavam terreno.
No Brasil, o Banco Central piorou levemente sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 em seu Relatório Trimestral de Inflação. Entre os investidores, chamou a atenção o alerta da autarquia em relação aos riscos que o país deve enfrentar daqui para frente, com o crescimento condicionado ao arrefecimento gradual da crise sanitária, à manutenção do regime fiscal e ao cenário de continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira.
Entre esses pontos de alerta, a incerteza em relação às contas públicas tem sido o mais presente no radar dos mercados, em meio a temores de que o governo fure seu teto de gastos no ano que vem de forma a financiar medidas de assistência social.
"A desorganização de nossas contas fiscais continua sendo o contraponto para uma queda mais acentuada do (dólar) por aqui", escreveu Jefferson Rugik, da Correparti Corretora.
O dólar acumula alta de cerca de 26% contra o real em 2020.
Na véspera, a moeda norte-americana à vista teve alta de 0,41%, a 5,1082 reais na venda.
O BC fará neste pregão leilão de swap tradicional de até 16 mil contratos com vencimento em abril e setembro de 2021.