Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar oscilava entre altas e baixas contra o real nesta sexta-feira, com os mercados de olho nas tensões diplomáticas entre os Estados Unidos e a China, enquanto a moeda norte-americana caminhava para registrar queda semanal.
Às 10:14, o dólar avançava 0,18%, a 5,2239 reais na venda, enquanto o dólar futuro negociado na B3 subia 0,11%, a 5,2185 reais.
O dia era de volatilidade, com o dólar spot passando de 5,2430 reais na máxima do dia para 5,1875 reais na mínima em pouco mais de 1 hora de negociações. Em nota, Jefferson Rugik, da Correparti Corretora, citou "forte amplitude e volatilidade da moeda, que já se tornou rotineira nestes tempos de pandemia".
Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais, disse à Reuters que "o dólar ontem subiu quando os mercados caíram, e por isso hoje está abrindo um pouco mais fraco".
Mas, segundo ele, "(o dólar) pode voltar um pouco, e a tendência é que a moeda fique oscilando nessa faixa, mais próximo dos 5,20 reais", completou.
No lado das pressões positivas para a moeda norte-americana, analistas citaram a cautela global diante das escaladas recentes na retórica sino-americana como fator de impulso para o dólar frente divisas emergentes.
Em uma medida retaliatória, o Ministério das Relações Exteriores da China ordenou que os EUA fechem seu consulado na cidade de Chengdu, dias depois de Washington ordenar o fechamento do consulado chinês em Houston, o que elevava os temores sobre o futuro das relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse nesta sexta-feira que as tensões nas relações entre os dois lados foram inteiramente causadas pelos Estados Unidos.
No exterior, lira turca, rand sul-africano e dólar australiano, alguns dos principais pares do real, registravam perdas contra a moeda norte-americana.
Já no lado negativo para o dólar frente ao real, dados desta sexta-feira mostraram que a confiança do consumidor no Brasil registrou um terceiro mês consecutivo de alta em julho, aproximando-se de níveis pré-pandemia em meio à melhora das expectativas econômicas.
O dólar caminhava para fechar a semana com perda de mais de 3% contra o real, resultado de um início de semana forte para ativos arriscados de todo o mundo devido a esperanças de uma vacina contra o coronavírus e a estímulos econômicos históricos na União Europeia.
Até agora em 2020, a moeda norte-americana ainda acumula salto de cerca de 30% contra o real.
Na última sessão, o dólar à vista fechou em alta de 1,96%, a 5,2145 reais na venda, maior ganho diário desde 26 de junho.