Macarena Vidal.
Washington, 25 jan (EFE).- A economia, e em particular a criação de empregos, será o assunto dominante nesta terça-feira no discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sobre o Estado da União.
Tradicionalmente, este discurso diante da Câmara de Representantes e do Senado serve para enumerar as prioridades legislativas do presidente e marca a direção do curso político.
Nesta segunda-feira, no entanto, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, já apontou que desta vez o discurso não será "uma lista de compras".
Em seu lugar, Obama se concentrará de modo quase exclusivo em um só assunto: a economia, a grande preocupação dos americanos segundo as pesquisas e o tema que deverá ter a máxima atenção da Casa Branca nos próximos meses para chegar forte às eleições do ano que vem.
Em um vídeo enviado no fim de semana aos eleitores que o apoiaram em 2008, o presidente americano já apontou que "o foco número um" do seu discurso será "assegurar-nos de que somos competitivos, de que crescemos, de que achemos empregos não só agora, mas que seguiremos criando no futuro".
Neste sentido, Obama apontou que para alcançar este objetivo uma de suas metas será fomentar a competitividade dos EUA frente ao resto do mundo e aumentar as exportações.
Por isso, poderia incluir uma chamada ao Congresso para ratificar os tratados de livre comércio pendentes com a Colômbia e o Panamá, como já fez no ano passado.
Obama já tocou neste assunto nos últimos dias. Durante a visita de Estado do presidente da China, Hu Jintao, destacou os contratos de compras chinesas de produtos americanos, no valor de US$ 45 bilhões, como uma conquista que permitirá sustentar dezenas de milhares de postos de trabalho.
Um dos objetivos traçados pela Casa Branca é dobrar as exportações no prazo de cinco anos.
Com isso, espera reduzir de maneira significativa o índice de desemprego, atualmente em 9,4%, um nível elevado para os Estados Unidos.
Obama também se referirá em seu discurso, segundo antecipou a Casa Branca, ao forte déficit fiscal, de mais de US$ 1,3 trilhão, e à necessidade de reduzir a dívida.
Para isso, segundo admitiu a Casa Branca, será necessário cortar programas governamentais e atacar a ineficiência.
Sem dúvida nenhuma, a lista dos programas a serem cortados será objeto de uma intensa batalha com a oposição republicana, que desde o início de 2011 controla a Câmara de Representantes.
Os republicanos, que se impuseram nas eleições legislativas de novembro com a promessa de moderação fiscal, reivindicam cortes drásticos, enquanto a Casa Branca teme que uma grande redução de fundos afete a incipiente recuperação econômica.
Diante da iminência deste debate e das trocas de farpas entre republicanos e democratas, Obama aproveitará seu discurso para reiterar sua chamada a um discurso político civilizado e a uma colaboração entre os partidos.
Desta forma, retomará uma das ideias lançadas há duas semanas em seu discurso em Tucson, onde participou de um ato em homenagem às vítimas do tiroteio do dia 8. Na Ocasião, Obama incitou os partidos à unidade, indicando que "pode ser que não consigamos impedir todo o mal que há no mundo, mas sei que a forma de nos tratarmos depende totalmente de nós mesmos".
A convite da Casa Branca, na tribuna de convidados deste ano estarão junto à primeira-dama, Michelle Obama, alguns dos afetados pelo tiroteio do último dia 8.
Estarão presentes os pais da vítima fatal mais jovem, Christina Taylor Green, de apenas nove anos, e Daniel Hernández, que trabalhava como voluntário no escritório da deputada Gabrielle Giffords e cujos primeiros socorros provavelmente salvaram a vida da congressista.
O presidente americano chega ao discurso em um bom momento. As pesquisas indicam uma recuperação de sua popularidade, após a queda durante as eleições legislativas de novembro.
A continuação desta recuperação dependerá, em parte, de como o discurso desta terça-feira será recebido. EFE