Carmen Postigo.
Roma, 13 nov (EFE).- Mario Monti, o economista e ex-comissário europeu que recebeu neste domingo a missão de formar o novo governo da Itália, terá que recorrer a todos os seus conhecimentos técnicos para recolocar nos trilhos a economia do país, se receber o apoio do Parlamento.
Conhecido na Itália como "Super Mario" por causa de sua gestão como comissário europeu em duas importantes pastas, Monti, de 68 anos, goza de prestígio internacional, e alguns analistas políticos italianos o chamam de "anglo-saxão" por seu estilo sóbrio e ponderado
Sua consagração europeia e depois mundial veio quando foi enviado como comissário europeu a Bruxelas, onde permaneceu por dez anos, de 1994 a 2004, primeiro à frente da pasta de Mercado Interno, e depois da de Concorrência.
Homem rigoroso, racional em excesso, com grande capacidade de cálculo e com uma prudência natural, Mario Monti, que nasceu em Varese, no norte da Itália, em 19 de março de 1943, já demonstrou determinação suficiente para enfrentar gigantes como General Electric e Microsoft.
Quando jovem, estudou na escola jesuíta Leon XIII, em Milão, onde herdou uma capacidade de análise quase cartesiana. Depois, graduou-se em Ciências Econômicas e Comerciais pela Universidade Bocconi, e completou sua formação na Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
Após realizar um período de práticas na Direção Geral de Assuntos Econômicos e Financeiros da Comissão Europeia (1964-65), iniciou sua atividade como professor assistente na Universidade Bocconi.
Nos anos 70, foi recrutado por Guido Carli e Gianni Agnelli, que o introduziram nos círculos de poder financeiro italiano, e passou a fazer parte de conselhos de administração de Fiat, Generalli e da Comit.
Entre 1971 e 1985, foi professor de Teoria e Política Monetária na Universidade Bocconi, na qual de 1985 a 1994 foi professor de Ciências Econômicas e diretor do Instituto de Ciências Econômicas. Além disso, ocupou os cargos de reitor (de 1989 a 1994) e presidente (1994) da universidade.
Monti participou de diversos comitês do Tesouro italiano e participou, entre 1987 e 1988, do Comitê de redação da Lei de Concorrência, e de 1988 a 1990 do Grupo de Trabalho para a preparação da Itália ao Mercado Interno.
Em Bruxelas, como comissário europeu, desencadeou uma batalha jamais vista até então contra a General Electric, na tentativa da companhia americana de comprar a Honeywell. Em 2004, Monti também não hesitou em impor uma multa de 497 milhões de euros à Microsoft por violação à lei antimonopólio.
Talvez pelo temor de não encontrar as condições adequadas, o economista havia recusado, até agora, os convites para integrar o governo italiano - em 2001, foi chamado para ser ministro das Relações Exteriores, e em 2004, da Economia. "Jamais manifestei boa disposição por nenhum partido italiano", disse, há dez anos.
Reservado, com aparições públicas muito comedidas e quase sempre ao lado da esposa, Elsa, com quem tem dois filhos, Monti tem um estilo de vida que foge de excessos e frivolidades. Ele costuma passar as férias em companhia de poucos amigos e da família em Engandina, um vale alpino no cantão dos Grisões, no leste da Suíça.
Nomeado na última semana senador vitalício por Giorgio Napolitano, Monti é visto por muitos analistas políticos como o homem que poderá pôr fim à comédia no governo italiano. EFE