Teresa Bouza.
Washington, 31 mar (EFE).- O presidente americano, Barack Obama,
deu hoje sinal verde a novas explorações petrolíferas nos Estados
Unidos, entre reações mistas de grupos ambientalistas e críticas de
líderes republicanos, que qualificaram o aval como "insuficiente".
"Estamos anunciando a expansão das explorações de petróleo e gás
mar adentro", afirmou Obama em discurso na Base Aeronaval de
Andrews, perto da capital americana.
"Minha Administração considerará novas áreas para o
desenvolvimento nas regiões central e sul do Atlântico e do Golfo do
México, enquanto se estuda e protege áreas sensíveis no Ártico",
acrescentou.
A proposta contempla a exploração de cerca de 80 quilômetros do
litoral do estado da Virgínia, no leste do país. A concessão dos
contratos para a área já chegou a ser questionada em tribunais dos
EUA.
Obama afirmou que apoiará contratos já existentes para as
explorações ao norte das montanhas Brooks (Alasca), embora impedirá
as explorações na baía de Bristol, importante centro pesqueiro e
habitat de baleias em risco de extinção.
O plano de Obama adota algumas das propostas de prospecção e
perfuração defendidas pelo presidente George W. Bush no final de
mandato, ao abrir a proibição em parte do litoral do Atlântico e do
Ártico.
No entanto, ao contrário de Bush, Obama não permitirá as
explorações na baía de Bristol.
O presidente assegurou que a decisão de hoje não foi tomada
"superficialmente" e indicou que ele e altos funcionários do Governo
estudaram a nova política "durante mais de um ano".
Segundo Obama, dadas as necessidades energéticas dos EUA será
preciso utilizar ao máximo as fontes de combustíveis fósseis até que
as energias renováveis se potencializem.
"O anúncio é parte de uma estratégia mais ampla que nos fará
passar de uma economia impulsionada por combustíveis sólidos e
petróleo estrangeiro a uma que depende de combustíveis domésticos e
energias limpas", explicou.
Os planos de Obama poriam fim a uma proibição que limitou, por
mais de 20 anos, as explorações petrolíferas em áreas litorâneas
além do Golfo do México.
A decisão de hoje pode ajudar Obama a obter apoio entre
republicanos para um ambicioso projeto de lei energético e de
mudança climática atualmente estagnado no Congresso. Espera-se que o
Senado debata o projeto nas próximas semanas.
"Sei que podemos unir esforços para aprovar uma ampla legislação
energética e climática que impulsionará novas indústrias e (a
criação) de novos trabalhos, ao tempo que protege nosso planeta e
nos ajuda a ter uma maior independência energética", disse hoje o
presidente.
Obama encorajou os dois principais grupos políticos do país a
superar velhos vícios e rixas, quando uma nova política energética
estiver em jogo.
Os líderes republicanos no Congresso dizem que o plano de Obama
não é suficiente.
"O anúncio de hoje é um passo na direção correta, mas um passo
pequeno que deixa enormes quantidades da energia americana fora de
alcance", disse o líder da minoria republicana no Senado, Mitch
McConnell.
"Abrir áreas do litoral da Virgínia à produção é um passo
positivo, mas manter o acesso fechado à costa do Pacífico e do
Alasca assim como os recursos mais promissórios do Golfo do México
não faz sentido", afirmou, por sua vez, o líder da minoria
republicana na Câmara de Representantes, John Boehner.
Por outro lado, os grupos ambientalistas criticaram o anúncio.
"É este o plano de energias limpas de Obama ou a campanha (...)
de Sarah Palin?", questionou o diretor-executivo do Greenpeace Phil
Radford, em referência à defesa da ex-candidata a vice-presidente
por maiores perfurações.
"Enquanto China e Alemanha ganham a corrida pela energia limpa,
esse ato reforça a dependência dos EUA do petróleo", ressaltou
Radford.
O grupo ecologista Environment America assinalou que as
explorações previstas ameaçam a Costa Leste do país com
"derramamentos e outros desastres potenciais".
Já o World Wildlife Fund e o grupo Pew Environment aplaudiram a
rejeição de Obama à proposta de Bush de explorar na baía de Bristol.
EFE