Waldheim García Montoya.
São Paulo, 14 set (EFE).- O fracasso do primeiro leilão público para conceder concessões viárias do Programa de Investimentos em Logística do governo, sem nenhum postulante na jornada de ontem, evidencia a "falta de previsão", declarou neste sábado à Agência Efe o arquiteto e analista viário AC Cegonha.
"Esse vazio em relação aos interessados se deve à falta de previsão do governo, que não tornou as licitações de algumas vias atrativas e desprezou os investidores, já que muitos deles não confiam em ter o governo como sócio", opinou o analista.
O primeiro leilão, para a concessão da estrada BR-262, que une as cidades de Belo Horizonte (Minas Gerais) e Vitória (Espírito Santo), não teve postulante, enquanto essa falta de interessados, segundo a edição on-line do jornal "Folha de S. Paulo", teria causado o descontentamento da presidente Dilma Rousseff.
Para Cegonha, "o governo tinha que ter previsto que a licitação em questão não era atrativa, já que os preços dos pedágios colocados (pouco mais de US$ 6 por carro) não poderiam ser redeuzidos e a via, com pouco tráfego de caminhões, se concentra basicamente nos pequenos automóveis durante os fins-de-semana".
O governo, que mantém as datas para outros sete leilões ainda neste semestre, pretende repetir a oferta de ontem e reavaliar os estudos prévios.
Cegonha comentou que, o fato do governo não ter investido o suficiente nessas vias nos ultimos anos, "também é considerado como um fator de alto risco", tendo em vista que os investidores podem desconfiar: porque o governo quer investir agora?".
A concessão para a administração de outra das estradas federais, a BR-050, que liga os estados de Minas Gerais e Goiás, contou com oito ofertas de consórcios interessados.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerou como uma "surpresa" a falta de interesse e atribuiu a situação a um problema de "natureza política".
Após o fracasso do primeiro leilão, o ministro dos Transportes, César Borges, indicou que o governo pode reabri-lo ou eliminá-lo do plano logístico.
"Não estou frustrado. Saímos empatados. Vamos seguir adiante agora porque queremos ser vitoriosos e o programa é importante para o país", declarou Borges.
Um artigo do jornal citado apontou que nos últimos 12 meses os gastos públicos em estradas foram de R$ 8,5 bilhões, um valor 17,47% a menos que o registrado em 2010.
A estrada em questão, por exemplo, tinha aprovado R$ 294,2 em investimentos, dos quais só R$ 1,3 milhão foram executados. EFE