Washington, 16 dez (EFE).- O Federal Reserve (Fed, banco central
americano) decidiu hoje manter a taxa básica de juros abaixo de
0,25%, dando seguimento a política monetária que implementa há um
ano, e indicou que percebe sinais de reativação econômica.
O Comitê de Mercado Aberto do Fed, que dirige a política
monetária dos Estados Unidos, concluiu a reunião, que durou dois
dias e foi a última do ano, assinalando que manterá "por um período
extenso" a facilidade de crédito.
"A despesa familiar parece estar crescendo a uma taxa moderada,
embora siga limitada pela fragilidade do mercado de trabalho, o
modesto crescimento da renda, a desvalorização do patrimônio e as
restrições do crédito", aponta o comunicado emitido ao fim da
reunião.
A nota acrescenta que "as empresas seguem restringindo seu
investimento fixo e se mantêm reticentes em aumentar o número de
empregados". No entanto, segundo os membros do comitê que aprovaram
unanimemente a declaração, "a deterioração do mercado de trabalho
está se aliviando".
O índice de desemprego em novembro foi de 10,2%, mas desde maio a
perda líquida mensal de postos de trabalho diminui.
O presidente do Fed, Ben Bernanke, que amanhã terá pela frente a
votação no Comitê de Bancos do Senado para a confirmação de uma
segunda gestão sua à frente do banco central americano, disse que a
reativação econômica "ainda encontra obstáculos".
No segundo trimestre a atividade econômica cresceu a uma taxa
anual de 2,8%, o primeiro aumento em um ano.
O comunicado diz que "a inflação se manterá moderada por certo
tempo".
O Departamento de Trabalho, que ontem informou sobre o aumento em
novembro de 1,8% do Índice de Preços ao Produtor (IPP), notificou
hoje que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu esse mesmo mês
0,4%.
Em um ano o IPC subiu 1,8% e o IPP aumentou 2,4%.
Uma diferença no comunicado de hoje em relação aos anteriores foi
que o Fed mencionou todos os mecanismos de empréstimo que instaurou
para enfrentar a recessão iniciada há dois anos, e marcou as datas
de expiração.
Nenhuma das datas é nova, mas ficou claro que o BC não tem
intenções de estender esses programas que injetaram cerca de US$ 1
trilhão nos mercados financeiros.
O Fed indicou que continuará a compra de ativos respaldados por
hipotecas, em um programa de US$ 1,25 trilhão, e de US$ 175 bilhões
em dívida de agências durante o primeiro trimestre do próximo ano.
Os indicadores divulgados esta semana levaram os economistas do
J.P. Morgan e do Goldman Sachs a melhorar em um ponto percentual
suas previsões de crescimento econômico durante o quarto trimestre.
O J.P. Morgan calcula que a atividade econômica entre outubro e
dezembro crescerá a uma taxa anual de 4,5%, e os economistas do
Goldman Sachs elevaram sua previsão de 3% para 4%.
A despesa dos consumidores, que nos EUA equivale a quase 70% da
atividade econômica e durante a recessão teve sua maior contratação
desde 1980, subiu a uma taxa anual de US$ 9,25 trilhões no terceiro
trimestre.
Porém, esteve ainda abaixo do ápice de US$ 9,36 trilhões atingido
no quarto trimestre de 2007, pouco antes de começar a recessão mais
longa e profunda que os EUA enfrentaram desde a Grande Depressão dos
anos 1930. EFE