Havana, 27 set (EFE).- O ex-presidente de Cuba Fidel Castro afirmou nesta terça-feira que "não há um pingo de ética e nem sequer de política" na tentativa do governante dos Estados Unidos, Barack Obama, de justificar o veto de seu país ao reconhecimento da Palestina como Estado independente.
"As palavras de Barack Obama sobre o principal assunto discutido na Assembleia Geral da organização (a solicitação palestina de ingressar como Estado de pleno direito na ONU) só podem ser aplaudidas pelos canhões, os foguetes e os bombardeiros da Otan", escreveu Fidel na segunda e última parte de um artigo intitulado "Chávez, Evo e Obama".
"Até políticos que em nada compartilham com o pensamento socialista e lideram partidos que foram estreitos aliados de Augusto Pinochet proclamam o direito da Palestina a ser membro da ONU", acrescentou.
No artigo, publicado nesta terça-feira pelos veículos de comunicação cubanos (todos oficiais), Fidel Castro criticou o discurso de Obama na Assembleia Geral da ONU que, em sua avaliação, foi permeado por "incríveis contradições" e "palavras vazias carentes de autoridade moral e de sentido".
Em contraste, elogiou (e reproduz em seu artigo) o discurso feito na Assembleia pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, e as "medulares" e "profundas verdades" que, em sua opinião, expôs em torno de temas como a crise capitalista, o papel da ONU e o conflito na Líbia, entre outros.
Com estas considerações sobre a Assembleia Geral da ONU, Fidel, de 85 anos, retomou a publicação de suas "Reflexões", os artigos que começou a escrever enquanto convalescia da grave doença que o afastou do poder em 2006.
Há quase três meses o líder da Revolução Cubana não publicava nenhum artigo, o que despertou rumores sobre seu estado de saúde, alimentados também pelo fato de que sua última aparição pública foi em abril, no encerramento do 6º Congresso do Partido Comunista cubano. EFE