Washington, 8 jul (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI)
previu hoje que a dívida dos Estados Unidos se aproximará da marca
de 100% do Produto Interno Bruto (PIB) em dez anos, antes do
calculado por seu Governo, e que seguirá em alta depois que pediu um
ajuste fiscal grande a médio prazo.
O organismo divulgou seu cálculo como parte da análise anual que
seus analistas realizam da economia americana, cuja dívida
representante, atualmente, 64% do PIB.
"A diferença principal (com os cálculos do Governo) é que nós
somos menos otimistas sobre a trajetória de crescimento dos Estados
Unidos", explicou em entrevista coletiva David Robinson, subdiretor
do departamento da América do FMI.
O Fundo acredita que a maior economia do mundo crescerá 3,3%
neste ano e mais quatro décimos menos em 2011, com taxas similares
em 2012 e 2013.
Trata-se de uma recuperação "modesta" em comparação com o ano
passado, que está embasada por um desemprego "muito alto" e na que
os Estados Unidos não alcançarão recuperar todo o terreno perdido
durante a recessão.
Dadas essas circunstâncias, o FMI respaldou os planos fiscais do
Governo para o ano fiscal 2011, que começará em outubro, no qual
está previsto uma redução do déficit estrutural de dois pontos
percentuais.
Embora não pediu maior ajuste orçamentário aos Estados Unidos no
curto prazo, Robinson ressaltou que os planos anunciados até agora
pelo Governo para controlar seus números no vermelho no médio prazo
são insuficientes.
Os Estados Unidos pela primeira vez permitiram ao FMI realizar um
estudo em profundidade de seu sistema financeiro, após o qual o
organismo concluiu que embora os bancos tenham melhorado muito desde
os dias mais obscuros da crise, ainda estão vulnerável.
"O risco chave nos Estados Unidos são as perdas nos empréstimos
no setor imobiliário comercial. A onda de moratória ainda não chegou
a seu ponto mais alto", advertiu na entrevista coletiva Charles
Kramer, o chefe para a América do Norte do departamento de Assuntos
Monetários e Mercados de Capitais do FMI.
Os setores da construção de estacionamentos, escritórios,
fábricas e outros prédios comerciais passam por um momento difícil,
especialmente no oeste e no sul do país, o que afeta principalmente
aos pequenos bancos, cujos balanços estão cheios de empréstimos a
esse setor.
Kramer disse que o volume de créditos morosos supera US$ 1
trilhão.
Em vista do estrago que a bolha imobiliária fez na economia
americana e mundial, Robinson recomendou ao Governo de Washington
que reduza ou elimine as isenções tributárias pelo pagamento dos
juros hipotecários das que desfrutam atualmente os proprietários de
casas.
O analista do FMI destacou que todas as formas essas vantagens
"provavelmente beneficiam aos ricos mais que ao resto". EFE