SÃO PAULO (Reuters) - O título já entrega: “13 Minutos” foi o tempo que separou um atentado a bomba em Munique, realizado em 8 de novembro de 1939, de realizar o objetivo de seu idealizador: matar Adolf Hitler, o líder que destruiria seu país.
O cineasta Oliver Hirschbiegel volta ao cinema alemão, depois de fracassos em Hollywood, a exemplo de “Diana”, para abordar novamente a 2ª Guerra Mundial e o nazismo na Alemanha, como no seu aclamado “A Queda! As Últimas Horas de Hitler” (2004). Só que agora sob o ponto de vista de Georg Elser (Christian Friedel), um cidadão que nunca concordou com a política do Partido Nacional Socialista até se tornar um revolucionário que recorreu às últimas consequências.
Com estreia nacional antecipada para este feriado de Finados, na quarta-feira, o filme estrutura-se como uma cinebiografia deste músico, relojoeiro e carpinteiro que montou e instalou sozinho uma bomba para ser detonada num clube onde Hitler – que só aparece de perfil ou de costas nas primeiras cenas, com gravações originais de sua voz – discursava, como mostrado logo no início.
Preso, ele é interrogado pelo chefe de polícia Arthur Nebe (Burghart Klaußner) e o comandante da Gestapo, Heinrich Müller (Johann von Bülow), que tentam descobrir, com os métodos mais sórdidos e violentos, as motivações do rapaz. Até porque há a insistência de autoridades superiores para ligar o atentado independente e seu realizador a algum grupo de oposição, como os comunistas.
A narrativa, então, intercala flashbacks do passado de Elser, desde 1932, quando o jovem voltou ao seu vilarejo no interior do país para ajudar a família, pois seu pai alcóolatra estava prestes a perder as terras deles, e se apaixonou por Elsa (Katharina Schüttler), uma mulher casada e mãe de dois filhos.
Os roteiristas, pai e filha Fred e Léonie-Claire Breinersdorfer, retratam o marido de Elsa de um modo bem maniqueísta e caricato, em uma falta de sutileza que marca, de certo modo, o filme todo. Trata-se de uma produção de aspectos técnicos e atuações, no geral, corretas, mas sem o frescor ou a contundência que Hirschbiegel mostrou em sua obra de mais de uma década atrás.
Sem ignorar a importância de resgatar uma história que nunca deve ser esquecida para não repetir-se, “13 Minutos” não dá margem ao espectador de adentrar nele a fim de refletir e extrair significados mais profundos do que o embate moral do protagonista de usar a violência para evitar uma maior e mais devastadora. Talvez as razões que levaram os nazistas a manterem Elser cativo por tanto tempo seja a única questão intrigante, que o filme não precisaria responder, mas saber usar a seu favor.
(Por Nayara Reynaud, do Cineweb)
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