Por Alonso Soto
BRASÍLIA (Reuters) - Brasil e China esperam que um fundo conjunto de 20 bilhões de dólares comece a financiar projetos de infraestrutura no Brasil a partir de março, o que inclui ofertas em leilões de concessões de ativos como estradas, portos, aeroportos e operações logísticas.
O secretário de assuntos internacionais do Ministério do Planejamento, Jorge Arbache, disse que os países querem que o fundo, criado no ano passado, financie a construção de ferrovias que liguem áreas produtoras de soja e milho do Brasil com portos exportadores. A China é a maior compradora de grãos brasileiros.
"Ferrovias é um foco. Os chineses e o Brasil estão interessados neste setor", disse Arbache, acrescentando que, diferente de outros fundos chineses, as decisões de financiamento serão tomadas dependendo das prioridades estratégicas de ambos os governos.
O fundo pode ajudar o governo do presidente Michel Temer a incentivar o investimento em infraestrutura, em um momento em que a recessão ameaça se prolongar pelo terceiro ano seguido.
Em setembro, o governo lançou um programa de concessões de infraestrutura, incluindo estradas, portos e ferrovias, mas reduziu a participação do BNDES, principal fonte de empréstimos de longo prazo no país.
O governo planeja lançar um novo programa de concessões no setor de infraestrutura em março.
Arbache afirmou que espera que o fundo esteja totalmente operacional em março. Assim que for ativado, o fundo poderá analisar pedidos de financiamento que também podem envolver projetos de mineração, petróleo e agricultura.
O total de recursos do fundo pode aumentar nos próximos anos se o modelo de negócios for bem sucedido. A China fornece três quartos do fundo, ou 15 bilhões de dólares, enquanto o BNDES e a Caixa Econômica Federal são responsáveis pelo restante.
Autoridades em ambos os países também estão considerando a criação de um fundo garantidor para ajudar companhias interessadas em fazer ofertas em projetos. As negociações estão em estágio inicial e não há detalhes imediatos sobre possíveis valores, disse Arbache.