RIO DE JANEIRO (Reuters) - A greve dos funcionários da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras (SA:PETR4), ganhou nesta terça-feira em seu segundo dia a adesão do Ceará e do Rio Grande do Norte, atingindo agora dez Estados, segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo no Rio de Janeiro (Sitramico-RJ).
O movimento, programado para durar cinco dias, está afetando pontualmente o abastecimento em alguns postos de combustíveis do país, segundo o Sitramico-RJ.
A presidente do Sitramico-RJ e membro do comitê de greve, Ligia Arneiro, afirmou que aproximadamente 2.500, dos cerca de 3.600 empregados da BR, aderiram à greve.
Segundo Ligia, serviços essenciais, como o abastecimento de hospitais e bombeiros, estão preservados.
Procurada nesta terça-feira, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) negou que esteja ocorrendo problemas no abastecimento.
"A ANP continua monitorando a greve em contato permanente com os agentes do mercado, que tem nos informado que o abastecimento está normal em todo o Brasil", disse em nota.
A paralisação é um protesto contra a decisão da petroleira estatal de vender parte relevante da subsidiária, com o objetivo de reduzir sua enorme dívida, enquanto administra uma de suas piores crises financeiras da história.
No modelo de venda da BR, haverá uma estrutura societária que envolverá as classes de ações ordinárias e preferenciais, de forma que a Petrobras permaneça majoritária no capital total, mas com uma participação de 49 por cento no capital votante. Os funcionários entendem que está havendo uma privatização.
Além dos dois novos Estados, Ligia afirmou que há a adesão de bases de distribuição da BR em Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Sergipe, Amazonas, São Paulo e Rio de Janeiro.
"O que a gente quer demonstrar não só para a BR mas para toda a população brasileira... é que todos têm necessidade de uma BR estatal, principalmente nos locais mais remotos do país", afirmou Ligia, ressaltando acreditar que empresas privadas não terão o interesse em investir em cidades do interior.
A Petrobras Distribuidora, como é formalmente conhecida a BR, afirmou na segunda-feira "que adotou as providências necessárias para garantir o suprimento de combustíveis com segurança a sua rede revendedora e demais clientes". Ainda não houve atualização do posicionamento da empresa nesta terça.
Há mais de 30 sindicatos que representam a distribuidora no país e o movimento desta semana tem o apoio logístico e de pessoal de entidades como Federação Única dos Petroleiros (FUP), Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), explicou Ligia.
(Por Marta Nogueira)