Genebra, 17 nov (EFE).- O Governo suíço pode entregar aos Estados
Unidos informações de contas bancárias com depósitos a partir de 250
mil francos suíços (US$ 245 mil dólares ou 165 mil euros) e não só
quando se trate de somas milionárias, como era até então.
As autoridades da Suíça divulgaram hoje o conteúdo de um acordo
entre os dois países assinado em agosto com o objetivo de fechar um
litígio judicial aberto nos EUA contra o banco UBS, acusado de ter
colaborado com clientes neste país para fraudar o fisco.
O dado mais importante conhecido até hoje é que, entre as
condições da cooperação administrativa em matéria fiscal que se
acordaram, está a que a Suíça poderá comunicar informações bancárias
de titulares que não necessariamente sejam milionários, sempre e
quando existir evidência de atitude fraudulenta.
No rol das evidências estão incluídas mentiras, entrega de
documentos falsos ou incompletos, tentativa de dissimular fundos e o
fato de não comunicar receitas.
O acordo está dirigido em parte aos clientes do banco suíço
domiciliados nos Estados Unidos e que, entre 2001 e 2008, eram
titulares diretos e controlavam os direitos econômicos de contas sem
declarar.
Além disso, envolve os cidadãos norte-americanos que estão
envolvidos em sociedades de fachadas em algum paraíso fiscal.
Das 4.450 contas que foram objeto de uma solicitação de
cooperação administrativa por parte dos EUA, 250 pertencem aos
clientes que mentiram ou comunicaram documentos incompletos ou
falsos, e que tinham pelo menos US$ 245 mil depositados.
O restante das contas entram na categoria de comportamentos
delitivos "graves e duráveis" por parte dos clientes com fundos não
declarados de, pelo menos, 1 milhão de francos (US$ 980 mil).
Negociações entre Berna e Washington permitiram o acordo, que
envolve ainda uma série de concessões por parte da Suíça em relação
ao sigilo bancário.
A Justiça dos EUA tinha ameaçado retirar a licença de
funcionamento do banco UBS nesse país e continuar com o processo
judicial, de modo que a instituição financeira teve de recuar - com
o acordo prévio do Governo suíço - a entregar informações de 4.450
contas suspeitas, além de pagar uma multa de US$ 780 milhões.
Essa situação coincidiu, em meados deste ano, com uma campanha
internacional contra os paraísos fiscais, liderada pela Alemanha e
França, e que também contribuiu para que a Suíça flexibilizasse o
sigilo bancário, tradicionalmente um dos atrativos essenciais desta
praça financeira. EFE