Frankfurt (Alemanha), 2 dez (EFE).- O Banco Central Europeu (BCE) garantiu nesta quinta-feira aos bancos comerciais da zona do euro a liquidez que eles precisarem até junho de 2011, mas decepcionou as expectativas dos mercados ao anunciar que manterá, mas não ampliará, o programa de compra de dívida.
O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, não quis se pronunciar sobre esse programa na entrevista coletiva posterior, apesar do aumento da taxa de risco de países como a Espanha por causa do resgate financeiro da Irlanda. No entanto, ele ressaltou que a entidade reguladora está permanentemente alerta, em clara advertência aos especuladores.
Trichet se limitou a dizer que a entidade vai manter seu programa de compra de dívida pública, iniciado em 10 de maio passado, e que posteriormente retirará a liquidez gerada por esta compra.
Ele não anunciou, no entanto, um volume antecipado de compra de dívida, como fizeram outras entidades monetárias como o Federal Reserve (Fed, banco central americano) e o Banco do Japão (BOJ).
A compra de bônus públicos por parte do BCE se adaptará às necessidades do mercado a fim de garantir seu bom funcionamento, dada sua importância para a estabilidade do sistema financeiro europeu.
"Estamos em constante alerta e fiscalizamos a reação dos mercados", destacou Trichet.
O BCE adquiriu até agora bônus no valor de 67 bilhões de euros.
Na próxima segunda-feira, o BCE divulgará o volume de compra desta semana, que provavelmente terá aumentado, dadas as atuais tensões nos mercados de dívida pública.
A situação nos mercados se acalmou um pouco nesta quinta-feira depois de a Espanha adjudicar 2,468 bilhões de euros em bônus a três anos ao juro de 3,797%, o mais alto desde setembro de 2008, quando quebrou o banco Lehman Brothers (4,35%).
A negociação nos mercados de valores e de divisas foi muito volátil nesta quinta-feira. As bolsas tinham subido com força por causa das expectativas criadas sobre as eventuais medidas extraordinárias relacionadas à compra de bônus; em seguida, caíram após a entrevista de Trichet; e finalmente se colocaram em tendência de alta.
O euro também sofreu altos e baixos, mas na última hora das negociações europeias era cotado a cerca de US$ 1,32 e as gratificações de risco dos títulos de dívida soberana caíram.
Jean-Claude Trichet havia anunciado em sua entrevista coletiva que o BCE mantém os leilões com um procedimento de taxas de juros fixas e adjudicação plena nas operações de refinanciamento semanais e as mensais até 12 de abril do ano que vem.
Além disso, ele indicou que as operações de refinanciamento com vencimento a três meses - de janeiro, fevereiro e março - serão realizadas com um leilão a taxas de juros fixas com adjudicação plena, garantindo que os bancos possam ter liquidez ilimitada até o fim de junho, quando vence a última desses leilões.
Paralelamente a essas medidas, o Conselho do BCE decidiu manter a taxa de juros na zona do euro em 1%, nível em que vai permanecer até o fim do ano que vem, tal como preveem a maioria dos analistas.
O BCE revisou para cima suas projeções de crescimento para 2010, com a mesma inflação, pela recuperação econômica global e o apoio da demanda interna.
A entidade monetária observa uma desaceleração temporária do ritmo da atividade econômica e prevê um crescimento moderado até 2012. EFE