Washington, 25 set (EFE).- A reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM) terminou formalmente neste domingo com todos os olhos na crise da dívida da Europa e com a ideia que a ação conjunta é "crucial" para aplacar a incerteza financeira internacional.
"O euro é o pilar essencial e estável do sistema monetário internacional (...) Seu papel central faz com que seja crucial que qualquer dúvida sobre seus fundamentos institucionais seja eliminada", afirmou neste domingo Josef Ackermann, presidente do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), principal associação de banqueiros.
No mesmo sentido se expressou Agustín Carstens, presidente do Banco Central do México e que foi candidato à direção do FMI em julho.
"A mensagem que levo é que as autoridades europeias, em um ambiente muito complicado, têm toda a determinação de aplicar as medidas necessárias", disse.
O chamado à unidade perante a gravidade da situação foi repetido tanto pelos países avançados, imersos em uma fraca recuperação econômica, como pelos emergentes, que mantiveram acesos os motores da economia mundial, mas temem ser arrastados pela queda da demanda global.
"Há um claro reconhecimento da gravidade da situação. Existe uma muito forte resolução que nossos colegas europeus farão o necessário para evitar a perspectiva de um prolongado período de estagnação", declarou em seu discurso Tharman Shanmugaratnam, presidente do Comitê Financeiro e Monetário Internacional do FMI.
No entanto, também foram vistos durante a reunião de líderes econômicos mundiais sinais de nervosismo e impaciência - como o manifestado pelo secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, que pediu aos líderes europeus que detenham "a ameaça de uma quebra em cascata dos bancos" com resoluções enérgicas e contundentes.
Deste modo, as atenções se voltam agora para a aprovação por parte dos Parlamentos dos países europeus nas próximas semanas do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), estipulado em julho passado e com o qual se pretende reforçar e flexibilizar a capacidade de resposta da zona do euro.
Carstens assinalou em entrevista coletiva antes de retornar ao México que o FEEF é uma "resposta útil" e espera que "nas próximas semanas isso se reflita em uma menor volatilidade dos mercados financeiros internacionais".
Além disso, a nova diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, expressou sua confiança que a Europa encarará com decisão os desafios financeiros que enfrenta.
Lagarde, aliás, ofereceu um das poucas frases otimistas no sombrio panorama ao indicar que estamos "na metade do caminho" para sair da crise.
No entanto, a dirigente do FMI exigiu às economias emergentes que também devem fazer sua parte mediante a concretização de políticas destinadas a estimular a demanda doméstica e ajudar assim a reequilibrar a economia mundial.
Finalmente, um dos pontos anunciados como principais antes da reunião, as especulações sobre uma possível ajuda financeira dos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) à zona do euro, ficou apenas em uma disposição a colaborar através das instituições financeiras internacionais.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ressaltou que a solução da crise é "responsabilidade dos líderes europeus" e pediu medidas urgentes. Ao mesmo tempo, lançou críticas aos países avançados ao advertir que estes "já não podem conduzir sozinhos os riscos da estabilidade global".
Por essa razão, o brasileiro apelou à necessidade que o reequilíbrio de forças na economia mundial se reflita também na cota de poder das instituições internacionais. EFE