Berlim, 28 abr (EFE).- A chanceler alemã, Angela Merkel,
assegurou hoje que seu país "apresentará sua contribuição" à solução
da crise financeira na Grécia, enquanto o diretor do Fundo Monetário
Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, advertiu que a situação
do país se agrava dia após dia.
Paralelamente, fontes governamentais alemãs e representantes da
oposição parlamentar cifraram em 135 bilhões de euros as
necessidades de ajuda financeira da Grécia até 2012, depois que
Strauss-Kahn se reuniu com todos os grupos políticos representados
no Parlamento alemão.
"Vai ser doloroso para o Governo e para o povo grego. A
recuperação não vai acontecer da noite para o dia", disse
Strauss-Kahn, que não falou de quanto devem ser as possíveis ajudas
à Grécia, embora tenha se mostrado otimista sobre um acordo rápido
com Atenas.
"Todos os números que circulam hoje não deveriam circular", disse
Strauss-Kahn com relação às necessidades de ajuda financeira da
Grécia, após a reunião com os deputados alemães em que participaram
também o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet.
Por sua vez, o ministro alemão de Finanças, Wolfgang Schäuble,
anunciou que vai haver um procedimento de urgência na Alemanha para
a aprovação das ajudas à Grécia, embora os detalhes não devam ser
decididos antes da segunda-feira, sob a condição de que o plano de
ajuste grego tenha sido aprovado.
"Se as negociações entre o FMI, o Governo grego e o Banco Central
Europeu (BCE) terminarem com sucesso esta semana, na segunda-feira
poderemos aprovar um projeto de lei e acelerar o trâmite
parlamentar", disse Schäuble.
A reunião de Strauss-Kahn e Trichet com os líderes parlamentares
foi organizada por Schäuble com o propósito de facilitar o caminho
para poder acelerar a ativação do plano de ajuda à Grécia.
"Naturalmente, os grupos parlamentares não nos deram um cheque em
branco, mas era importante que tivessem todas as informações em
primeira mão", disse Schäuble.
Os números filtrados pelos parlamentares alemães que participaram
da reunião, entre eles o líder verde Jürgen Trittin, falam de uma
ajuda anual de 30 bilhões de euros por parte da União Europeia e de
15 bilhões de euros por parte do FMI ao longo de três anos, que
somariam um total de 135 bilhões de euros até 2012.
A chanceler alemã, que se reuniu com Strauss-Kahn, condicionou a
ativação do plano de ajuda a aceitação por parte de Atenas de um
"plano exigente" de consolidação negociado atualmente com o Fundo
Monetário Internacional (FMI).
Merkel reiterou a posição que manteve até agora e ressaltou que o
plano do FMI deve contribuir para que os mercados recuperem a
confiança na Grécia.
"A Alemanha fará sua contribuição para assegurar a estabilidade
do euro", disse laconicamente a chanceler, enquanto Schäuble
comentava pouco antes que "o que está em jogo é a estabilidade de
toda a Zona do Euro".
A crise grega foi foco de outra reunião que Merkel manteve com
Strauss-Kahn, o secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría; o
diretor-geral da OMC, Pacal Lamy,; o diretor-geral da OIT, Juan
Somavía, e o presidente do Banco Mundial, Robert B. Zoellick.
Nesta última reunião, programada há meses e realizada pelo
terceiro ano consecutivo, os participantes abordaram a situação da
crise em nível mundial e os progressos alcançados para superá-la.