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Ramón Santaularia.
Istambul, 13 jun (EFE).- Os mercados financeiros reagiram com tranquilidade nesta segunda-feira à vitória dos islamitas moderados de Recep Tayyip Erdogan nas eleições gerais da Turquia, realizadas no domingo.
Esta tônica de normalidade imperou também na Bolsa de Valores de Istambul e ao ambiente político do país de 74 milhões de habitantes, que hoje teve feriado escolar. O triunfo eleitoral do governante Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) de Erdogan era esperado, e a ausência de surpresas foi tão destacável que a reação dos mercados financeiros quase não foi perceptível.
O índice IMBK-100 de Istambul, que reúne as cem empresas mais importantes da Turquia, fechou, após um dia de leve alta, com uma ligeira baixa de 0,28%, para 63.523 pontos. Por sua vez, a lira turca concluiu o dia com alta de 0,41% frente ao dólar (cotado a 1,57 liras), e valorização de 0,12% em relação ao euro (2,26 liras).
Em termos nominais, a moeda turca caiu quase 19% durante o último ano frente à divisa europeia graças à política monetária de Ancara, propicia às exportações e pelo crescimento econômico, que foi de 8,9% em 2010.
Os líderes políticos tiveram hoje um descanso após uma dura campanha eleitoral na qual seus dirigentes não economizaram insultos e até a revelação de vídeos de conteúdo sexual.
Erdogan deve reduzir seu gabinete dos 27 ministérios atuais a 25. O ministro de Relações Exteriores, Ahmet Davotoglu, deverá permanecer no cargo, mas uma nova pasta será criada para tratar especificamente das relações com a União Europeia.
A primeira sessão da nova assembleia parlamentar será realizada cinco dias após a Comissão Eleitoral Suprema (YSK) divulgar os resultados oficiais da apuração das eleições do domingo. A partir daí, Erdogan formará o novo gabinete, e submeterá os nomes de seus indicados à aprovação parlamentar.
Por outro lado, Erdogan deverá buscar o consenso com os outros três partidos da oposição no Parlamento para redigir uma nova Constituição por não ter conseguido uma maioria suficiente para atuar sozinho.
A busca de consenso para redigir a nova Constituição foi ressaltada ontem à noite pelo próprio Erdogan, e hoje foi lembrada também pela presidente da influente Associação de Homens de Negócios e Industriais turcos (Tüsiad), Ümit Boyner.
Em nota oficial, a entidade ressaltou suas expectativas de que esse documento seja escrito mediante "o consenso e a participação que aproximaram (a Turquia da União Europeia) e que garantiu a estabilidade econômica e reduziu o desemprego".
Por sua vez, a União de Câmaras de Comércio e Bolsas da Turquia (TOBB) enfatizou que a minuta constitucional deve ser a prioridade máxima do novo Parlamento, e que o êxito do AKP foi coroado por sua permanência no poder. EFE