Munique (Alemanha), 6 fev (EFE).- O ministro de Assuntos
Exteriores russo, Serguei Lavrov, pediu hoje novamente ao Ocidente
um redesenho da arquitetura de segurança europeia que ponha um ponto
final no desequilíbrio ainda existente no continente em matéria de
segurança.
Na conferência de segurança realizada em Munique (Alemanha),
Lavrov destacou novamente os argumentos que a Rússia usa há quase
dois anos a favor de uma nova arquitetura europeia e que até agora
encontrou pouca aceitação no Ocidente.
O ministro insistiu que, após o fim da Cortina de Ferro com a
derrocada da Guerra Fria, na Europa não só foram mantidas as linhas
divisórias de antes, mas a Organização do Tratado do Atlântico Norte
(Otan) inclusive as deslocou em direção ao Leste.
O chanceler russo ressaltou que, enquanto na Europa não for
respeitado o princípio da indivisibilidade da segurança - segundo o
qual nenhum país pode garantir sua segurança às custas da segurança
de outro -, não haverá uma cooperação real em todos os âmbitos.
Lavrov reafirmou que a Europa necessita de princípios
"vinculativos", similares aos que existem no Conselho da Europa em
matéria humanitária, por exemplo, mas aplicados ao âmbito da
segurança.
Muitos defendem que a Organização para a Segurança e Cooperação
na Europa (OSCE) pode cumprir esse papel, mas a experiência das
últimas décadas demonstrou que essa organização, longe de ter sido
reforçada, foi enfraquecida, disse o chanceler.
Em sua opinião, nem mesmo o Conselho OTAN-Rússia pode assumir
esse papel, pois carece de todo caráter vinculativo.
Lavrov citou a incursão da Geórgia na Ossétia do Sul, o conflito
de Kosovo e o bombardeio da Iugoslávia como exemplos da incapacidade
de atuação da OSCE e da violação do citado princípio de
indivisibilidade em matéria de segurança.
O ministro convidou o Ocidente a impulsionar o chamado processo
de Corfu, iniciado em junho passado na ilha grega de Corfu, cujo
objetivo é criar a longo prazo a estrutura de segurança europeia.
EFE