Andrés Sánchez Braun.
Tóquio, 29 mai (EFE).- Elas estão nas ruas, escritórios e inclusive nos templos e oferecem desde bebidas até guarda-chuvas, flores e gravatas: as máquinas vendedoras representam um ícone no Japão e agora estão ameaçadas por uma intensa campanha de economia de energia.
No total, há mais de 5 milhões de "jido-hanbaiki" (máquinas vendedoras) no Japão, o país com mais unidades por habitante do mundo, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Máquinas Vendedoras.
Após sua chegada nos anos 1960 se transformaram em um símbolo do desenvolvimento econômico japonês, de sua fortaleza tecnológica e também de seu patriotismo, pois o fato do vandalismo seja praticamente desconhecido no país foi um fator-chave para sua implantação em quase todos os cantos.
No entanto, os problemas no fornecimento de energia elétrica após o terremoto de 11 de março estão mudando a percepção destes aparelhos no país asiático, especialmente os que vendem bebidas, que são os mais distribuídos e consomem muita energia já que frequentemente oferecem latas com bebidas quentes, além de frias.
Por isso, uma dezena de ONGs lançou uma campanha para reduzir as máquinas de refrigerantes, enquanto Tóquio e outras três províncias pediram ao Governo que restrinja o número de horas que elas podem permanecer acesas a cada dia, para economizar energia.
Os problemas de abastecimento que se esperam para o verão, em parte pela crise nuclear após o terremoto de 11 de março fizeram com que, no meio da chamada geral à economia energética, os ecologistas denunciem estes "símbolos do megaconsumismo", como definiu Ryoko Seguchi, porta-voz de Foe Japan, uma das ONGs envolvidas.
Segundo dados de 2009 do Centro Japonês para a Conservação de Energia, três destas máquinas de bebidas consomem em um ano o mesmo que a média de uma família japonesa.
Nos últimos 50 anos, no entanto, os fabricantes reduziram em mais de 25% o consumo energético de muitos destes dispositivos com o uso, por exemplo, de painéis solares.
Conscientizados pela campanha de economia energética, várias empresas optaram por apagar as luzes de suas máquinas em Tóquio, e algumas até planejam desconectá-las durante determinadas horas no verão.
"Não queremos uma campanha temporária de economia na região de Tóquio, mas se reduza o número de máquinas em todo o país. Por isso que ONGs de diversas regiões se uniram", precisou Seguchi à Agência Efe.
Sua organização, junto com outras como o Instituto de Políticas de Energia Sustentável e o Greenpeace, pediu para que deixem de usar estas máquinas e retirem as menos necessárias o mais rápido possível, como as que estão em lugares pouco movimentados e, também pediram que o Governo revise a normativa para instalá-las.
"Achamos que a redução destas máquinas é fundamental se o Japão quer cumprir com os objetivos futuros para economizar energia e reduzir as emissões poluentes", explicou Seguchi, consciente no entanto que a batalha "será longa" antes de obter resultados.
Alguns encaminharam pedidos a empresas, como o canadense John Harris, um residente na província de Chiba que, após o terremoto, lançou uma campanha para que a Coca-Cola desligue as 980 mil máquinas que tem no Japão.
Em vários artigos publicados na internet e na imprensa local, Harris assegura que não pretende atacar a multinacional americana, mas economizar energia.
Para o canadense, "a empresa é líder global quanto a negócio e responsabilidade social corporativa. Se a Coca-Cola se movimenta nessa direção, rivais como Kirin e Suntory a seguirão". EFE