WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu seu filho mais velho nesta quarta-feira, chamando-o de "inocente", em reação aos emails que mostraram que Donald Trump Jr. acolheu ajuda da Rússia contra a rival de seu pai na eleição presidencial de 2016, aprofundando a polêmica a respeito de uma suposta interferência russa.
Na terça-feira, Trump Jr. divulgou uma série de emails que revelaram que ele concordou de bom grado em se encontrar com uma mulher que lhe disseram ser uma advogada do governo russo que poderia ter informações prejudiciais da adversária democrata Hillary Clinton, parte do apoio oficial de Moscou a seu pai.
Em uma entrevista à rede de televisão Fox News concedida no final da terça-feira, Trump Jr. disse: "Em retrospecto, eu provavelmente teria feito as coisas um pouco diferente."
O presidente, depois de inicialmente divulgar um comunicado na terça-feira chamando o filho de "alta qualidade", elogiou nesta quarta-feira a aparição na TV e reiterou seu repúdio às investigações e à cobertura midiática das investigações sobre a Rússia.
"Ele foi aberto, transparente e inocente. Esta é a maior caça às bruxas da história política. Triste!", tuitou Trump.
Os emails ofereceram o indício mais concreto até o momento de que funcionários da campanha de Trump acolheram a ajuda russa para vencer a eleição, uma questão que vem eclipsando a Presidência de Trump e dando ensejo a diversos inquéritos.
O Departamento de Justiça e o Congresso estão investigando a suposta interferência russa na votação de novembro e qualquer possível conluio com a campanha do presidente.
Moscou negou a interferência e nesta quarta-feira o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, voltou a rebater as acusações e questionou por que o filho de Trump está sendo culpado pela reunião.
Trump já disse que sua campanha não se mancomunou com a Rússia.
A correspondência de Trump Jr. não parece oferecer indícios de atividade ilegal, mas provavelmente dará ensejo à análise de investigadores.
Especialistas legais disseram que o filho do presidente pode ter problemas se os investigadores concluírem que ele auxiliou uma ação criminosa, como invasões cibernéticas de redes de computadores democratas, ou violou leis de financiamento de campanha aceitando presentes de entidades estrangeiras.
Na Fox, Trump Jr. prometeu cooperar com os investigadores e disse que não falou ao pai a respeito da reunião.
Os acontecimentos mais recentes abalaram os mercados financeiros na terça-feira, já que os investidores temeram se tratar de mais um desvio do foco da agenda econômica do governo.
(Por Susan Heavey)