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Países-membros do FMI prometem conter déficit perante crise grega

Publicado 24.04.2010, 19:57

César Muñoz Acebes.

Washington, 24 abr (EFE).- Os países-membros do Fundo Monetário Internacional se comprometeram hoje a sanear as contas públicas e conter sua dívida, em meio a crise fiscal na Grécia, que negocia com a entidade e com a Europa um programa de ajuda para evitar a quebra.

A Grécia não estava na agenda oficial da Assembleia Anual do FMI e do Banco Mundial, realizada neste fim de semana em Washington, mas foi uma pauta inevitável perante a ameaça de que os problemas do país se alastrem.

O Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, em inglês), o principal órgão assessor do FMI, manifestou o compromisso "enérgico" dos Governos de "garantir finanças públicas sustentáveis e abordar os riscos da dívida soberana".

Fora da sala magna do Fundo Monetário, onde se reuniram ministros e governadores de bancos centrais dos países que compõe o Comitê, o ministro das Finanças grego, Yorgos Papaconstantinou, sustentava uma série de encontros bilaterais para pressionar por um desembolso rápido dos créditos.

Um de seus interlocutores foi o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, quem não quis dar detalhes das negociações.

O Fundo Monetário foi criticado na Grécia pelas medidas de ajuste que exige a seu Governo em troca dos empréstimos, mas Strauss-Kahn enfatizou que o FMI proporciona recomendação e fundos "em nome da comunidade internacional".

"Os cidadãos gregos não deveriam temer o FMI. Nós tentamos os ajudar", disse o chefe do organismo em entrevista coletiva após a reunião do IMFC, que representa os 186 países-membros do organismo.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, também se reuniu hoje com Papaconstantinou, Strauss-Kahn e representantes europeus para tratar o tema da Grécia, segundo informou seu Governo.

Geithner "os encorajou a avançar rapidamente na iniciativa de um pacote de reformas econômicas profundas e de apoio financeiro concreto e substancial", disse o departamento do Tesouro em comunicado.

Papaconstantinou, que dará uma entrevista coletiva no domingo no FMI, aproveitou a viagem a Washington para se encontrar com alguns dos Governos não-europeus que, como membros importantes do Fundo, deverão aprovar o programa de crédito, e tinha previstos encontros com seus colegas do Brasil, China e Rússia.

Os Governos da zona do euro ofereceram à Grécia empréstimos no valor de 30 bilhões de euros no primeiro ano, ao que se acrescentará a contribuição do FMI, ainda não definida, mas que por enquanto é estimada em 15 bilhões de euros.

O Comissário Europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, disse que se chegará a um acordo "no princípio de maio". A Grécia tem que pagar 8,5 bilhões de euros em juros de sua dívida no dia 19 de maio.

Os problemas no país elevaram as gratificações de risco dos bônus de Portugal, Espanha, Itália e Irlanda, o que fez com que se temesse uma crise mais ampla de dívida.

A União Europeia é consciente do perigo e em sua declaração perante ao IMFC afirmou que os Governos têm que adotar um ajuste fiscal "ambicioso".

A declaração foi feita pela segunda vice-presidente do Governo espanhol e ministra da Economia e Fazenda, Elena Salgado, já que seu país ostenta a representação rotativa da União Europeia.

Salgado alertou que a recuperação econômica poderia perder fôlego e entrar em outro período de declínio quando os bancos centrais subirem as taxas de juros e os Governos colocarem fim aos programas de estímulo.

Mas os problemas orçamentários da Grécia demonstraram o perigo de não prestar atenção ao déficit.

Salgado advertiu que manter a atual expansão orçamentária durante tempo demais poderia torna o nível de dívida no velho continente "insustentável". EFE

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